Na minha família, a gente é doido com celebração. Qualquer coisa pra nós é motivo...
Uma vez a gente fez uma festa memorável, quando Gêisa tinha uma escola, o Ponto de Partida. A idéia era juntar os parentes todos aqui de Belo Horizonte pra que as próximas gerações se conhecem. Fizemos a festa no pátio da escolinha.
Foi o maior sucesso. Principalmente por causa de duas regras essenciais, que viraram meio que um parâmetro na minha vida.
A primeira: você podia trazer quem quisesse, lembrando apenas que você tinha que trazer tudo que fosse necessário pra você e seus convidados. A comida que ia comer, o prato pra se servir, o copo que ia beber, o talher, etc...
A organização foi típica da minha família. Cada um levava uma coisa. Só que, muito engraçadinhos que nós somos, a gente combinava: eu levo arroz e você leva feijão. Chegava na hora, você trazia melancia, no lugar do feijão. Todo mundo punha o que tinha trazido em uma grande mesa e a gente morria de rir...
A segunda regra, a que eu gosto mais: o responsável por qualquer assunto é o primeiro que tocasse nele.
- Aqui tá meio sujo...
OK. Pegue uma vassoura e comece a limpar.
- O gelo acabou!
Ótimo. Corre lá e compra gelo pra nós.
E o subproduto desta regra é que você só pode discordar da proposta se oferecer alternativa melhor. Neguinho falava: disto eu não gosto. Todo mundo já olhava, esperando a contraproposta.
Lembrei disto porque o povo nosso de Governador está começando a se movimentar pra fazer uma festa da família. Como nós estamos querendo chamar os descendentes todos, comecei a contar. Só “as meninas da Maricas[1]” são doze. Na casa da mamãe, só de filhos, companheiros e sobrinhos a gente chega a 41 pessoas. Se essas regras não entrarem em ação, minha experiência me diz que vai dar problemas.
Ôs regrinhas que são um antídoto maravilhoso pra quem gosta de terceirizar responsabilidade...
[1] Fernando, irmão da mamãe, tem ódio quando a gente fala das meninas da Maricas. Já foi convidado pra um festão pras “meninas da Maricas” e, pirracento, não foi. Ele acha que tinham que falar as meninas da Maricas e o menino. Se não for assim, ele nem considera...