Tinham duas matérias que eu não tenho o menor registro, do meu tempo de faculdade. Uma, era Jornalismo Comparado. Não lembro uma aula que Herval deu pra nós.
A outra, Análise do Discurso, que não lembro nem quem foi meu professor.
Bem feito. Agora fico eu aqui, sem ter idéia do que seja isto, pensando se ia me ajudar a traduzir a conversa mole e complicada de médico. Pensei nisto hoje, lendo o blog da Nana Roig, minha amiga virtual que anda colocando um linfoma dela no devido lugar.
E lembrei do tanto que eu gosto dos meus médicos, com quem eu acostumei a não dar a menor bola pra laudo de exame e a pregar os olhos na expressão deles.
Triscou, tô na rôia. Riu, tá no fisgo.
Simples assim...
Vê se eu ia conseguir viver com médico que me falasse de anastomose? Meu benchmark é estável. Estável pra mim, quer dizer calmo. Neguinho tá na CTI, você pergunta: Melhorou?
Respondem pra você: Tá estável.
Respondem pra você: Tá estável.
So what?
Por isto eu sou doido com Maria Luiza, minha personal radiologist. Ela me entrega um punhado de relatório complicadérrimo. Com um sorriso lindo na cara. Quer dizer, tá limpo.
Xande, meu personal urologist, quando perguntei pra ele, antes de operar, o que era o trombo que eu tinha na veia cava, foi cristal clear:
- É um chouriço que você tem onde o sangue devia correr solto.
Aliás, o melhor laudo que eu já tive foi dele, quando pegou a tomografia da Luiza e falou: I’m impressed!
E o Leco, meu personal oncologist, fica me examinando e morrendo de rir. Cada vez que ele registra que meu pulmão está bacana, ri feliz como se estivesse vendo um gol do Messi. Apalpa meu estômago e ri. Manda eu respirar, e ri, enquanto me asculta.
Fora Inezinha, que não faz parte da equipe mas virou minha personal pathologist e me traduz tudo que eu não entendo.
Agora, fala se você não fica muito mais seguro na mão de uma pessoa que é especialista em acolhimento, e que joga luz onde você não enxerga nada?
Eu, adoro.