terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Natal no Hospital da Baleia


Ow, na boa...
Ando achando que Papai Noel é um moleque brincalhão.  Uma versão vestida do Saci Pererê, que sai pregando peças na gente.
            
A vida toda, desde pequenininho, sempre achei que a graça do Natal fosse ganhar presentes.
Doido comigo, Papai Noel anda me falando que da missa eu não sabia um terço.
           
Foi do ano passado pra cá que Tomás e eu começamosa levar os brinquedos que nós havíamos ganho no meu aniversário pras crianças que não ganhavam presentes.
                   
No começo, a onda era só levar presente pras crianças que não ganhavam presentes.  Pra ensinar Tomás a se desapegar um pouco.  Mas aí EU começava a esperar o dia da entrega com a maior excitação.  Virou a melhor parte do meu Natal.
           
É o dia que a gente, que recebe muito, pode dar pra quem recebe pouco.  É o dia em que eu transformo meu aniversário em uma coisa com algum sentido.  É o dia em que eu me dou conta que tenho recebido muito mais do que eu preciso.  É o dia que eu descobri que o presente que você me deu ganha outro significado, valendo muito mais do que quem me deu imagina.
               
Este ano, de presente, Papai Noel nos reservou a Letícia, menininha de 10 anos que vem de uma cidadezinha perto de Barbacena, 3 vezes por semana, pra fazer hemodiálise no Hospital da Baleia, há 4 anos.  A foto do celular não faz, nem de longe, justiça ao bom humor que Lelê conversava comigo sobre a diálise como um detalhe desimportante da vida dela.
             
Eu não tenho a menor dúvida que Papai Noel existe.  E que me reserva só presente bacana no Natal.  Presentes que me ajudam a achar um sentido nesta vida e que me ajudam, desde agora, a mostrar pro Tomás que o bom da vida é atribuir significado pras coisas que a gente faz e por onde o caminho nos leva.


ps:  Tô saindo de férias pro Meu Sítio.  Volto lá pelo dia 10 de janeiro. 

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Feliz natal, Brasil

O projeto Playing for Change é uma das idéias que estão sempre a me deixar com inveja, inveja branca, por não ter sido eu o autor.  Acho fantástico essa leveza com que gente comum, de rua, que toca por um troco [1], transforma standards da música do meu tempo e a coisa fica emocionantemente interativa.
            
Contribuição pura.
             
Achava que o que cabia, diante de uma coisa dessas, era só amargar o ciúme, nada mais.
         
Pois não é Regina minha irmã acabou de me mandar uma versão nossa de um caminho que eu pensava estar exaurido.  Apareceu uma alma mais generosa do que eu tenho conseguido ser e conseguiu jogar um tempero brasileiro, criandor uma identidade essencialmente nossa nisto.
             
Pra mim, é o sentido exato do que eu aprendi ser comunhão.
          
Feliz natal pra você e feliz ano de novo.
           

[1]  Além de tudo, o nome também é genial.  Change, em inglês, pode ser trocado (no sentido de umas moedinhas) e pode ser mudança também.  Os músicos de rua tocam pra receber um troco e pra promover mudança.


Outras maravilhas do Playing for Change:

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Esse povo do Clic... - 196

                                
Tomás é louco com o Clic, a escolinha dele.  Foi lá que ele aprendeu a expressar, foi lá que ele aprendeu a lidar com as diferenças, a ver que tem hora que ganha e tem hora que perde.  Aliás, o Clic fez do Tomás um excelente negociador.  Tá sempre abrindo suas proposições com um aglutinador:
-  Gente, que tal se...
                  
Foi lá que viveu sua primeira dor de amor também.  Enquanto estava no turno da manhã, amava e era loucamente correspondido pela Bia.  Mas quando Carol começou a trabalhar na Anno do Ponteio, Tomás teve que ir pra turma da tarde.
             
Neste momento, então, a coisa desandou...  Tomás conheceu a Branca.
     
Vai daí que outro dia era aniversário da Branca.  Todo mundo na maior excitação, que piorou ainda mais quando apareceu uma van para buscar os meninos que iam pro aniversário.
                 
Preocupada com umas erupções que Tomás tinha pelo corpo todo, a diretora do Clic, cuidadosa, pediu que Diogo levasse Tomás no médico antes, pra se certificar que não era uma emergente catapora.
E o menino ficou arrasado enquanto via os amigos, com a Branca, se distanciando na van.  Parecia que o mundo tinha acabado.
              
Pouco tempo depois, Tomás faz sua entrada gloriosa na festa, com um colorido presente cuidadosamente embrulhado nas mãos, destilando seu ódio contra os cuidados das professoras:
-  Esse povo do Clic não entende nada de carrapato...
                 
Agora, com o diagnóstico médico a seu favor, Tomás contava pra todo mundo que aquilo era só carrapato, resultado de suas incursões pelas matas encantadas do Meu Sítio.




quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Errata

                           
Dudu Menicucci, a quem eu dediquei o post Viajandão, reclamou que eu já havia colocado o Texto 452 do Fernando Pessoa e tornei a colocar na série para Turistas Especiais 03.  Acho que, com razão, ele ficou enciumado, achando que o texto era só pra ele.  No duro, no duro, eu nem lembro mais do que eu já escrevi aqui.  Como todo velho, sempre tem o risco de eu contar duas vezes o mesmo caso.
                     
Daí então, substitua o texto 452 por este, que curiosamente, vem na página antecede o pomo da discórdia no Livro dos Desassossegos do Fernando Pessoa.
                             

Trecho 451

                       
Viajar?  Para viajar basta existir.  Vou de dia para dia, como de estação para estação, no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as praças, sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como, afinal, as paisagens são.

Se imagino, vejo.  Que mais faço eu se viajo?  Só a fraqueza extrema da imaginação justifica que se tenha que deslocar para sentir.

“Qualquer estrada, esta mesma estrada de Entepfuhl, te levará até ao fim do mundo.”  Mas o fim do mundo, desde que o mundo se consumou dando-lhe a volta, é o mesmo Entepfuhl de onde se partiu.  Na realidade, o fim do mundo, como o princípio, é o nosso conceito de mundo.  É em nós que as paisagens têm paisagens.  Por isso, se as imagino, as crio; se as crio, são; se são, vejo-as como às outras.  Para quê viajar?  Em Madrid, em Berlim, na Pérsia, na China, nos Pólos ambos, onde estaria eu senão em mim mesmo, e no tipo e género das minhas sensações?

A vida é o que fazemos dela.  As viagens são os viajantes.  O que vemos não é o que vemos, senão o que somos.
                 

Fernando Pessoa, in O livro do desassossego.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

El Caganer


                                        
Tem uma entidade na cultura da Catalunha, el Caganer,  que está presente em todo presépio de Natal de lá.  Escondido em algum cantinho, atrás de alguma árvore, debaixo de alguma ponte, atrás de alguma moita, tá ele lá, obrando.  Para o povo catalão é um tributo à fertilidade, à renovação, que, em momento nenhum, pode ser confundido com falta de respeito ou menosprezo.  O Caganer é como que uma confiança no que o futuro nos reserva.  Uma caracterização da esperança renovada, como se o esterco, digamos assim, ali produzido, fosse a garantia de que dias melhores virão.
              
Mário Ribeiro também acha. 
Tanto que, pra homenagear seu pai, o velho Joãozito, escreveu um livro só sobre bosta.  Seu pai dizia que não há no mundo assunto mais agregador do que este.  É você chegar em um local onde não conhece ninguém e contar um caso sobre o tema e, num átimo, você vê uma roda se formando, todo mundo como se fosse amigo desde a mais tenra infância.
Eu ainda não consegui definir se cuidadoso ou cínico, Mário Ribeiro chamou seu livro de Pensando Agachado.  Mas o assunto mesmo é o que faz El Caganer e que, por isto, lhe ilustra a capa.
              
Mário lança também o 30 Linhas, uma coletânea de crônicas de sua lavra que saem toda quinta, no Estado de Minas.
E, o mais gracioso de todos, Uma História de Amor em Versos, que devia estar assinado pela Gracinda, mulher dele.  Foi ela que, carinhosamente, guardou todos os poemas que Mário lhe mandava no dia dos namorados e no aniversário de casamento, já se vão uns 40 e poucos anos.
                 
Dividindo a festa, nosso amigo Nestor de Oliveira lança O Vôo e o Pouso, com histórias de seu pai, seu Zezinho Xavier.
                              
O projeto gráfico dos quatro livros são do Marcelo Xavier, todos pela Asa de Papel, a editora dele e do Álvaro Gentil.
                


ps:  falando nisto, Mário devia aproveitar e fazer uma xilo da capa do 30 Linhas, que ficou um primor!




sábado, 10 de dezembro de 2011

Edição Extra 108 - Campeonato Mundial de Papai Noel


 
Ando ligando muito pra dinheiro não.  Esta semana, contratei meu filho suíço como correspondente dest’A Saga e mandei Bernardo cobrir o movimento na Europa de preparação pro Natal.  Olha o relato dele:
               
Morro de inveja das pessoas que são mais criativas do que eu. Eu queria poder descobrir todas as inutilidades que existem pelo mundo. Outro dia, conversando com um amigo do trabalho (o mesmo que indicou o Movember para A Saga), ele me falou que estava indo para o "11th ClauWau Santa Claus World Championship" ou simplesmente: 11° Campeonato Mundial de Papai Noel. Todo ano, numa cidadezinha na Suíça chamada Samnaun, perto da fronteira com a Áustria, acontece essa competição que abre oficialmente a temporada de Natal.
                            
Tudo começou quando ele e mais um grupo de amigos se interessaram em ver a competição e ligaram para saber maiores informações. No telefone, eles já perceberam o alto nível do evento.  A mulher do outro lado já perguntou de cara se eles não queriam em participar. Como um bom bando de vagabundos, aceitaram na hora! A única regra é ter que usar uma roupa de Papai Noel.

                         
A competição se divide em várias provas (10 ao total), que todo bom Papai Noel deve dominar: como conhecimentos geográficos para achar as crianças no mundo, escalada de chaminé, fazer um boneco de neve e guiar um trenó!


Conversando com esse meu amigo, ele ficou impressionado com o profissionalismo. Ao total foram quase 30 equipes do mundo todo. E tem equipes que competem todos os anos!
                     
Para começar, esse ano, não tem neve! Bom, ela está chegando agora... Mas isso dificultou bem uma competição onde o bom velhinho se dá melhor: na neve. A primeira prova é quase uma maratona. A famosa Santa's Zipfy Bob Race é o equivalente ao nosso descida de barranco com papelão! Quem nunca desceu um barranco de grama com um papelão na bunda,não sabe o que é adrenalina... Nesse caso, você tem um disco e tem que descer o barranco de neve... A dificuldade maior esta em subir correndo para  que o outro integrante da equipe possa descer.
                      
Depois de tanta adrenalina (mentira... falta de ar mesmo, porque correr no frio é uma tarefa quase impossível), fizeram a prova mais importante : Santa Parade. Um desfilinho ridículo pela cidade, onde a desenvoltura e malemolência da equipe são avaliadas. O importante é que a fantasia de Papai Noel tem que se manter impecável, após a primeira prova. No caso deles, a pizza já estava reinando.
     
                      
Continuando em um clima mais intelectual (porque para um bom Papai Noel, não basta apenas um corpinho bonito), eles fizeram as provas de Santa's Journey, Creativ Santa, Santa's Snow Sculpture. Resumidamente, identificar monumentos famosos pelo mundo, decorar um biscoito e fazer um boneco de neve. Como esse ano não tinha muita neve, o improviso foi fazer mesmo uma pintura de um boneco de neve...



As provas finais são as que exigem mais treinamento. Claro que para um bando de amadores, o resultado foi um tanto quanto ridículo! Além do mais, depois de um longo dia de competição e algumas cervejas, o resultado não era o mais importante. Santa's Sleigh Race nada mais é do que uma corrida de trenó. Cada equipe tem que guiar um cavalo através de um percurso e entregar presentes. Santa's Chimney Climb, como o próprio nome já diz, o Papai Noel tem que escalar uma chaminé. Santa Clauben toda a equipe tem que entrar dentro de um chapéu gigante de Papai Noel, onde só um integrante consegue ver o caminho. Todos tem que achar e coletar os presentes espalhados no trajeto.
                  
A grande emoção da competição fica para a prova Steinbock Sprint. Nada mais, nada menos que uma corrida de cavalo de madeira! Segundo meu amigo,a prova mais ridícula e mais difícil e claro onde a torcida vai mais ao delírio. Eles tem que dar uma volta com um cavalo de madeira, sem encostar o pé no chão. E sabe como? Balançando o cavalo, tipo uma cadeira de balanço. Quando eles conseguiram pegar o ritmo, era tarde demais.
                                             
Acho que uma das principais coisas que estou aprendendo aqui é isso. Não ter vergonha de fazer essas coisas. No final das contas, eles não ligam se vão ser ridículos ou se todo mundo vai ficar olhando para você. Eles tem como objetivo simplesmente a diversão saudável! Talvez seja esse o segredo de terem uma qualidade de vida tão boa!
               

PS: Outro dia conheci o campeão mundial de imitação de porco, mas isso fica para um outro post.
            
PS2: A Suíça tem campeonato mundial de tudo!


Bernardo Ferreira, especial para A Saga de Valente

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Série Turismo para gente especial 03

                                                  
Outro dia Marcelo Xavier foi no Meu Sítio comigo.  E eu, preocupado, com o que ele e sua cadeira de rodas iam fazer lá.
Pois a gente nunca curtiu tanto.  Olhava passarinho, olhava tucano, olhava plantinha, olhava tudo. 

Marcelo me fez lembrar de um texto do Fernando Pessoa com o qual eu sempre abria minhas aulas na cadeira de Eventos no curso de Turismo da PUC.   Viaja nele, comigo:
                  

Trecho 452

                         
O único viajante com verdadeira alma que conheci era um garoto de escritório que havia numa outra casa, onde em tempos fui empregado.  Este rapazito colecionava folhetos de propaganda de cidades, países e companhia de transportes; tinha mapas – uns arrancado de periódicos, outros que pedia aqui e ali –; tinha, recortadas de jornais e revistas, ilustrações de paisagens, gravuras de costumes exóticos, retratos de barcos e navios.  Ia às agências de turismo, em nome de um escritório hipotético, ou talvez em nome de qualquer escritório existente, possivelmente o próprio onde estava, e pedia folhetos sobre viagens para a Itália, folhetos de viagens para a Índia, folhetos dando as ligações entre Portugal e a Austrália.
                   
Não só era o maior viajante, porque o mais verdadeiro, que tenho conhecido:  era também uma das pessoas mais felizes que me tem sido dado encontrar.  Tenho pena de não saber o que é feito dele, ou, na verdade, suponho somente que deveria ter pena; na realidade não a tenho, pois hoje, que passaram dez anos, ou mais, sobre o breve tempo em que o conheci, deve ser homem, estúpido, cumpridor dos seus deveres, casado talvez, sustentáculo social de qualquer – morto, enfim, em sua mesma vida.  É até capaz de ter viajado com o corpo, ele que tão bem viajava com a alma.
           
Recordo-me de repente: ele sabia exactamente por que vias-férreas se ia de Paris a Bucareste, por que vias-férreas se percorria a Inglaterra, e, através das pronúncias erradas dos nomes estranhos, havia a certeza aureolada de sua grandeza de alma.  Hoje, sim, deve ter existido para morto, mas talvez um dia, em velho, se lembre como é não só melhor, senão mais verdadeiro, o sonhar com Bordéus do que desembarcar em Bordéus.

E, daí, talvez isto tudo tivesse outra explicação qualquer, e ele estivesse somente imitando alguém.  Ou ... sim, julgo às vezes, considerando a diferença hedionda entre a inteligência das crianças e a estupidez dos adultos, que somos acompanhados na infância por um espírito da guarda, que nos empres a própria inteligência astral, e que depois, talvez com pena, mas por uma lei alta, nos abandona, como as mães animais às crias crescidas, ao cevado que é o nosso destino.

 Fernando Pessoa, in O livro do desassossego.

Acho que, pra viajar, é só me deixar na varanda, de frente pra vista.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Série Turismo pra gente especial 02

                   
A primeira vez que eu ouvi falar em inclusão foi com Boni Fácil.  Ele estava começando o projeto “Sociedade Inclusiva” na PUC e o conceito nem chegava a fazer sentido na minha cabeça.  O engraçado é que tudo do tema “includente”, até então, me parecia uma bobagem sem limite.  No máximo, conversa de politicamente correto.
                  
Aí, começaram a aparecer minhas limitações...  Devagarzinho, eu comecei a ver os entraves presentes no dia-a-dia das pessoas com necessidades especiais.
                    
Foi quando eu saí do hospital que eu aprendi que o mundo não estava adaptado para minhas necessidades especiais.  Qualquer trajeto que me afastasse mais de 50 metros do caminho entre minha casa e a hemodiálise me deixava apavorado. 
             
A primeira saída minha foi para ver uma exposição de arte.  Na entrada, uma subidinha boba.  Falei:  vamos lá.
Cadê?  Não consegui dar o quarto passo.  Quase desmaiei.
               
Minha hemoglobina baixa me fazia ver paredões intransponíveis onde vocês só enxergavam um aclive suave.  Os quatro degraus pra chegar aqui em casa pareciam os morros de Machu Pitchu.  Ir até o supermercado, na esquina da Afonso Pena, era como subir cada um dos 511 degraus da escadaria que leva à Capela de Nossa Senhora do Patrocínio, a maiorescadaria de igreja do mundo.  Era um desafio atrás do outro...
                  
Foi aí que eu enxerguei que haviam, sempre, três tipos de turista em viagem.  O primeiro, que encaixando igual luva no meu caso, que sofre de CPO (c@g@ço pós operatório).  Eu fiquei quase um ano neste estágio.  Só consegui sair dele quando viajei pra Resende, no casamento do Dão. 
          
O segundo, o CDL (conhecedor dos limites) que é o seu Zé Rodrigues, lá do Núcleo.  Seu Zé não perdeu nenhum NefroWalker.  Viaja logo depois da hemo e volta a tempo da próxima sessão.  Já foi pra São Paulo e volta no outro dia.  Já foi pro Rio, passeou na praia e voltou.  Pega um trem, sai de manhã, almoça na cidade e volta de noite.  Faz melhor que eu, que ficava em casa, com medo de sair.  Mas é tora, até você conhecer os limites direito.  Eu errei, indo pra Valadares, planejando a volta no limite.  Mas, conforme Murphy havia previsto, a Trip cancelou o vôo de volta e eu fiquei na tábua da beirada...  Mas aprendi!
Agora, eu prefiro fazer a hemo no destino turístico, pra não passar susto igual.
                         
E o terceiro, o LLS (livre, leve e solto), igual Laurinha, da Cadeira Voadora, que, aliás, começou também uma série Cadeirante também é turista hoje.  Laurinha não tem o menor medo de dar errado.  Preserva a saúde ao extremo e, tirando isto, chuta o balde. 
Mas e se der errado?  Paciência.  Ficar vendo televisão ia ser pior.
Com isto, ela viaja mundo afora, inclusive de catamarã.  Morro de dó do pessoal da casa dela, que deve ficar com o c(*)oração na mão, com esta menina.  Ando louco pra chegar neste estágio, pra poder ir a Paris.
                  
Cadeirante, dialítico ou com qualquer outra necessidade especial:  em qual dos estágios você se enquadra?


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Edição Extra 107 - Mó Brother


A grande proposta do Movember era a gente causar, com a história do bigode, pra falar sobre a saúde do homem, a prevenção do câncer de próstata e do câncer dos testículos.  E era interessante porque, pelo fato do movimento estar ainda no seu nascedouro, a primeira questão que era posta era o quão estranho ou feio poderia estar o bigode da gente.
        
No glossário do Movember, eles sempre procuravam ligar tudo com o MO de Moustache.  E passaram a identificar os que adotavam a causa como Mo Bro (para os meninos) e Mo Sis (para as meninas).
                  
Diogo foi mais que isto.  Na verdade, foi mó brother.  Aguentou encheção de saco de quem fazia a análise rasteira, não entendendo o compromisso com a causa.  Teve gente chamando ele de Freddie Mercury, de Paulo Cintura, de mil bobagens.  E a todos, com a maior paciência e bom humor, Diogo explicava o significado daquela postura que, tomara, ano que vem aumente o número de adeptos, quando entrar novembro.
                  
Tenho claro que muito da disposição de Diogo com a causa mantendo seu bigode até as 24:00 do último dia de novembro está vinculado ao fato de eu ter me livrado de um câncer que levou meu rim esquerdo.  Fico grato a ele, pela postura e pelo apoio aos meus desvarios.
                
Você não tem idéia da força que me deu, filho.
                     
Mó brother, você.