O comentário do Léo no post anterior, dos Sonhos, me fez lembrar o dia da minha primeira consulta, quando Xande, meu personal urologist, me deu a notícia do tumor e que eu precisaria me operar, imediatamente, pra tirar o único rim bom que eu tinha.
Fiquei meio sem chão.
Numa situação destas, a primeira coisa que veio à mente foi:
- Vou morrer!
Ponto final.
E aí começou um turbilhão na minha cabeça, tudo rolando a mil, minha vida toda passando e eu pensando nas coisas que eu ainda tinha pra fazer e que não tinha feito. Eu lá, ouvindo tudo e me fingindo mais de inocente que a mulata assanhada.
Mas imediatamente depois, coisa de milésimos de segundos, veio uma segunda coisa na minha cabeça:
- Não vou morrer nem por um cacete!
A partir deste momento, foi só uma coisa boa atrás da outra. Meio que sem eu me dar conta. Eu aprendi a colocar foco naquilo que vale a pena. A dar valor pras coisas que são de fato relevantes. E a entender que não há nada que, efetivamente, provoque o fim do mundo. Na minha cabeça, o ponto da virada foi aí.
Minha bagagem, a partir de então, tem só crescido. Mas está cada vez mais valiosa e fácil de trazer comigo.
Acho que depois disto tudo, ando bem em paz com minha companhia.
Sonhando, despreocupado com o que eu não fiz[1].
Achando muito bom pelo que ainda posso fazer.
Fazendo todo dia virar um motivo de celebração.
E entendendo, como diz o Zé Alencar, que vai ser tudo, sempre, como Deus quiser
[1] Não deve ter dado, ou fui eu que não consegui.