domingo, 31 de janeiro de 2010

As pastorinhas - 37


Um dia, do nada, aparece no meu quarto uma senhora. Com um ar tranquilo, cabelos amarrados em um rabo de cavalo, muito mais por facilidade que por boniteza. O óculos de aro de metal fino conferia serenidade àquele rosto suave. Trajava um jaleco azul claro, que denunciava que não era enfermeira do hospital.
Acho que chamava Luzia.

Perguntou pra mim:
- O senhor precisa de alguma coisa?

Fiquei olhando pra ela, meio sem entender. Claro que precisava.
Precisava de um rim novo que ajudasse Valente a fazer seu trabalho, precisava de um pijama maior, precisava de uma ambulância mais espaçosa, precisava de fazer cocô... Acho que a lista ia aumentando cada vez mais, quanto mais eu pensava a respeito.

Com a experiência de quem fazia aquilo de coração aberto, ela sacou de cara que eu precisava só de conversar. Como ela trazia uma bíblia na mão e um crucifixo no peito, me preparei para ela me fazer rezar a tarde inteira.
Não usou a palavra “religião” uma única vez.
Mas aí ficamos a tarde inteira falando sobre fé, esperança e caridade.

Fiquei impressionado como a visita fez efeito em mim. Ela era voluntária da Pastoral da Saúde. São pessoas que dedicam seu tempo para apoiar pacientes internados em hospitais. Ficava ali, disponível, pra tornar nossa vida melhorzinha.

Depois fiquei sabendo que Marília do Cuca e Luiza de Beto também faziam parte do trabalho. Mas acho que por minha proximidade eu acabei contaminando o trabalho delas. Cada vez que elas iam me visitar, eu acabava fazendo tanta bagunça, a gente ria tanto, que sempre vinha uma enfermeira pedir silêncio e acabar com nossa festa.

O efeito era impressionante. Minha vida ficava muito mais leve, depois da visita das pastorinhas...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Filho Homem II - O retorno - 36


Aí teve um dia que Gêisa não pode dormir comigo. Lá foi Diogo, ficar de acompanhante. Pra azar meu, uma noite de final de campeonato universitário de basquete.

Americano.

Coisa que não dava nem notícia no jornal, de tanta desimportância.

Eu lá, tentando me ajeitar na cama, solto um grunhido na direção do Diogo:
- Filho, me cobre com o lençol, que eu estou com frio...
Com os olhos fixos na televisão, Diogo leva a mão até a cama do acompanhante e, sem desdobrar nem nada, lança o lençol na direção da minha cama. Só deu tempo deu eu gritar – Cesta!, esperando que ele entendesse que o lençol havia atingido o alvo mas que ele precisaria me cobrir. Diga-se de passagem, ele cumpriu a tarefa razoavelmente bem, mesmo sem tirar os olhos da televisão...

Fora isto, Diogo foi o acompanhante ideal. Eu não ficava tolhido. Podia me mexer à vontade que ele não dava notícia. Só havia duas coisas que faziam Diogo dar sinal de vida. Ou quando eu o chamava pelo nome – e ele se levantava imediatamente pra me atender – ou quando eu soltava sonoros puns que faziam as paredes do hospital estremecer. Nestes casos, sem mexer com os olhos, ele abria um sorriso, orgulhoso do poder de fogo do pai.

Ocorre que tinha sido justamente nesta noite que eu havia começado a medir o volume do meu xixi. Toda hora que eu quisesse urinar, lá ia eu pedir ao Diogo que me trouxesse a comadre.

Já na segunda vez que foi acordado naquela noite, sem se dar conta da importância que aquela ação tinha para o meu caso, Diogo perdeu a paciência e falou bravo, ainda tonto de sono:
- Vê se segura sua onda, que eu não vou ficar levantando a noite inteira não...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

1.650 mililitros - 35

*

Diogo e Marcelo, meu nefrologista, estavam conversando na beira da minha cama. Eu estava ainda meio grogue, acabando de acordar.
Escutei, meio confuso, um deles falando[1]:
- Com este rinzinho vagabundo dele, deve fazer no máximo 100 a 200 ml de xixi por dia. E mesmo assim, deve ser um xixi clarinho, quase que pura água.

Eles estavam se referindo ao fato de meu rim direito não apresentar vestígios de vascularização[2] e, tudo levava a crer, que dificilmente cumpriria o papel de filtrar meu sangue com alguma eficácia.

Marcelo dava a impressão de ser magrelinho. Mas o caboclo era lutador faixa ultra mega preta escura de muay-thai[3]. Um cavalo.
Eu nem liguei. Meio de costas ainda, levantei o braço direito e soquei meu indicador no nariz do Marcelo[4], dizendo:
- Outra vez que você falar assim do Valente, eu vou te moer de porrada!

Os dois morreram de rir, do meu atrevimento. Naquele estado, eu nunca ganharia uma briga nem com Tomás...
Mas pra mim era claro que Valente não estava disposto a deixar aquela história barato. Ele ia mobilizar todos os esforços à disposição de nós dois pra suprir a falta que nosso outro rim fazia.

E não deu outra. Devagarzinho, Valente começou a mostrar serviço. Ao mesmo tempo que a hemodiálise ia me ajudando a jogar fora o líquido em excesso que eu acumulara na UTI, Valente ia produzindo um xixi amarelinho, fedorento, daqueles de deixar qualquer nefrologista orgulhoso. E, no meu caso, agradavelmente surpreso pelo inesperado da situação.

Por sugestão do João Gabriel[5], comecei a colher meu xixi pra poder ter uma idéia mais concreta do volume produzido. O resultado surpreendeu todo mundo. Na primeira medição, foram 1.650 mililitros.

Muito, mas muito acima do esperado...
.
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[1] Depois da briga, quando eu tocava no assunto, Marcelo jurava que tinha sido o Diogo quem falou. Diogo, de pés junto, jura que foi o Marcelo.

[2] Pra quem está chegando agora, recomendo a leitura da história 02, “Prazer em conhecer”.

[3] Nem sei como escreve isto. Mas é marcial com força, esta luta. Segundo a Wikipédia, escreve-se มวยไทย em tailandês. Mas acho que ajudou pouco, esta informação...

[4] Claro que, na dúvida, preferia brigar com Marcelo. Vê se eu iria admitir que a crítica teria vindo de meu filho querido? Vê se eu ia?

[5] Corre lá na história 16, “Festa no apê” se você está perguntando quem é este João Gabriel.
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* Esta ilustração me chegou pela Jo Yudess, mãe do Diogo, de Bufallo, New York. BTW, o Cris, da Ciça, me deu de Natal um álbum com histórias do Príncipe Valente, do cinquentenário do lançamento, em 1974. Já consegui uma coleção de 16 álbuns desta edição comemorativa.
Aí Rui, se quiser folhear, aparece aqui em casa.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Sentindo na pele - 34

Eu tinha visto o filme pela primeira vez na sala de reunião da RC, com aquela mesa gigantesca, cheia de conexões e datashows... O filme estava sendo exibido pelas mãos da diretora de criação da agência na época.
Carol Penido, uma das mais doces publicitárias de Belo Horizonte, estava me mostrando o portfólio em uma época em que eu e Diogo, em parceria, participamos de uma concorrência pela RC.
Na época achei o filme bonitinho, diria até ingênuo.

Só que naquela manhã, a história era outra.

Eu era o ator principal, estava num apartamento do Hospital Luxemburgo, braço da Fundação Mário Pena, disputando, junto com Valente, uma batalha chata com um câncer e sem saber ainda se nós dois iríamos conseguir colocar ele no seu devido lugar.

Devia ser umas 6:30 da manhã. Eu estava na poltrona, esperando Gêisa sair do banho para correr para o consultório. Acho que eu estava zappeando e ele passou na Tv Minas. Eu acho.

Gêisa só teve tempo de ficar assustada vendo aquele filme bonitinho na tv e eu chorando a cântaros[1]. Mas entendeu tudo, quando apareceu na tela o conceito da campanha:
“Qualquer problema fica fácil de enfrentar quando muita gente está do seu lado.”

Isto, eu tinha, muita gente do meu lado...


[1] Eu sei que a expressão serve pra designar chuva torrencial. Fala-se chovia a cântaros. Mas você não faz idéia, bacana, do tanto que eu chorava. Cabe aqui, que nem luva...


quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A resposta do Xande - 33



Claro, o linguarudo do assistente foi bater pro meu médico sobre o que eu havia aprontado. Pouco antes do almoço, Dr. Xande aparece pra saber do meu escândalo da véspera. Rindo.

Fala comigo:
- Relaxa, meu filho. Relaxa! Você está completamente dependente aqui. Qualquer coisa, a responsabilidade não é sua. Então, relaxa!

Eu ficando com cada vez mais vergonha do papelão do dia anterior e ele rindo, me mandando levar a vida de maneira mais leve. De noite, Gêisa me entrega um bilhete dizendo assim:

“Paulinho,

Correr uma maratona vai muito além de um esforço físico...
Traz lições que devem ser usadas para um “viver melhor”.
Esta medalha consegui em uma das maratonas mais difíceis que corri, mas a que mais me ensinou...
Ensinou-me a respeitar meus limites, a saber que tempo e velocidade são secundários, que é preciso concentrar em cada kilômetro corrido para poder ir para o próximo.
Ensinou-me a ter raça e coragem para não desistir nunca mesmo quando várias vezes me perguntava por que estava ali.
Ensinou-me que o sofrimento físico potencializa a satisfação espiritual.
Ensinou-me que devemos treinar com afinco quando desejamos algo.
O melhor disto tudo é que quando você termina o choro é abundante e intenso.
Chora-se de dor, alegria, agradecimento, orgulho,...
Chora-se porque você lembra dos filhos, dos pais, da esposa, da sua vida, de coisas que poderia ter feito melhor ou não ter feito.
Chora-se para lavar a alma rejuvenescida com a conquista...
A medalha representa tudo isto porque é o prêmio final...
Esta aí vai pra você como apoio e para você nunca se esquecer de tudo isto que ela representa.
NÃO DESISTA NUNCA!
NUNCA PARE DE CORRER!
JUST DO IT!!!
LEMBRE-SE QUE NO FINAL TEM MEDALHA...
Grande abraço
Xande”

E completou, manuscrito: Estarei sempre correndo com você!

Junto do bilhete, a medalha da Maratona de São Paulo, que o Xande correu em 2006.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Meu pior inimigo - 32



O dia prometia.

Depois da experiência desastrosa com a ambulância, eu amanheci azedo de fazer dó...

Ficou marcado que eu seria pego 10:30 pra ser levado na hemodiálise. Eu tinha acordado cedinho e desde 10 e já estava pronto pra sair. Já eram 10:40 e ninguém aparecia. Toda paciência e carinho, Gêisa tentava me acalmar. E eu lá, destilando veneno e soltando fogo pelas ventas, em pé, na porta, esperando a cadeira de rodas... Que não vinha.

Apoiado nas paredes do corredor, fui até a recepção do andar pra reclamar. Sem nem levantar os olhos, a moça disse que estava marcado pra 11:00. E nem me deu mais atenção.
Quando deu quase meio dia, chegam os caras. Eu bufando, destilando fel, como se eu fosse a pessoa mais importante do mundo.

Na hora de eu passar da cadeira de rodas para a maca, deu um problema qualquer e acabei caindo no chão. Sem maiores danos. A não ser para minha moral que, de tão escoriada, continuou lá embaixo, mesmo quando eles me levantaram.

Tudo certo na hemodiálise mas fiquei amargando o dia inteiro. Nada me fazia ficar em paz. Aquela raiva chegava a me embrulhar o estômago.

Quase meia noite, eu não conseguia dormir, agitado. Preocupada, Gêisa chama o assistente do Xande de plantão. Que, depois de ouvir todo o meu drama, com um sorriso suave, concluiu assim:
- Então você ficou foi com raiva? Conversa comigo 5 minutos que isto passa.

Não era simples assim. No meu caso, eu fico colecionando rancor, deixando aquela mágoa perigosamente tomar conta de mim, disse eu para o médico.

Naquele momento, como em um estalo, eu havia aprendido o quanto minha arrogância me fazia mal. E quão grande era o caminho que eu tinha de percorrer para não deixar minha intolerância tomar conta do meu coração.

Como num passe de mágica, eu dormi um sono tranqüilo como há muito tempo eu não dormia. Acho que naquele momento Deus me perdoava de tudo quanto é bobagem que eu havia feito na vida.


sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Uóóóóóóóóó!!! - 31



Pra você entender o quanto esta sociedade nossa não é inclusiva, é só entrar, por exemplo, em elevador. Está lá: Capacidade 420 kilos e o sinalzinho indicando 6 pessoas. Não sei no resto do Brasil, mas na minha família só o Tomás pesa menos de 70 kilos.

Este intróito todo amargurado é pra dizer da minha experiência com a ambulância do Luxemburgo. Lá fui eu pra hidroginástica em um Uno Mille fantasiado de ambulância. A decisão que caberia ao motorista era muito simples. Ou ele cortava minhas pernas ou decepava meu pescoço. Fim de papo. A cara assustada dele é de que não haveria jeito de acomodar no exíguo espaço disponível aquilo tudo (eu) que ele via chegar na cadeira de rodas.

Fui virando atração. Só juntando gente pra ver de que maneira ele ia me encaixar ali dentro. Resumo da ópera: o rim que me foi tirado foi exato o que permitiu enfiar meu corpo, tal qual um origami vivo, ali dentro. Na hora de ir a caminho, o motorista me faz o favor de ligar a sirene, 6 e meia da manhã. Eu ali, morrendo de vergonha, achando que a cidade inteira estava olhando pra mim através da caçamba.

E aí começa o sofrimento. Sinal fechava, minha cabeça era espremida de encontro à lataria. Sinal abria, meus joelhos eram dobrados até quase se esmigalharem. Vira à esquerda, eu quase derrubava a maca. Entre arrancadas e freadas, eu chego no centro de hemodiálise lívido, à beira de um ataque de nervos.

Finalmente, cheguei na minha máquina com o tal pijaminha quase estourando. Até hoje o pessoal comenta aquela entrada apoteótica...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

One size fits all - 30


Quando eu fui pro hospital, foi uma briga interminável com a Gêisa. Eu queria levar todas as minhas camisetas velhas e relaxadas, e Gêisa queria fazer um guarda-roupa de pijamas de deixar Armani com inveja.

É que talvez você não saiba, mas eu crio uma relação de amizade com minhas roupas. Na hora de preparar minha mala para viagens, por exemplo, privilegio sempre as roupas que não conhecem a cidade pra onde eu vou. Calças que já foram ao Recife são preteridas, para dar oportunidade pra outras. Idem para os sapatos e assim por diante.

O critério não foi suficiente pra sensibilizar Gêisa. A briga interminável acabou, como de hábito, com ela comprando dois pijaminhas chiquérrimos, bermudinha e top de manga curta , combinandinhos, para eu desfilar pelo hospital.

Ocorre que, como você pôde ler no “A falta que ele me faz”, minha silhueta (digamos assim) arredondou-se novamente no curto período de UTI. Eu tinha engordado feito um porco.

Acrescente-se a isto o fato de eu ainda não ter feito cocô ainda e andava tomando óleo mineral, pra ajudar os (digamos assim, também) movimentos peristálticos, se é que você me entende...
Por via das dúvidas, era melhor usar fralda geriátrica na minha primeira saída.

Pra piorar minha situação, os pijaminhas[1] foram comprados na minha fase pré-operação, quando eu estava magrinho[2]. Quando, 6 da manhã, eu fui me vestir pra ir pra hemodiálise, o modelito tinha se transformado em um sensual BabyLook. Era botão que não fechava, era pneuzinho pulando pra fora, era bermuda coladinha no fraldão parecendo de lycra...

Um horror!

Mas, sem alternativa, lá fui eu para a hemodiálise com aqueles trajes aviltantes, deixando pra trás Gêisa e as técnicas de enfermagem, morrendo de rir dos meus esforços pra entrar na roupa.

Naquele dia, Diogo ganhou dois pijamas. Um semi-novo e o outro, zero bala. Arlindo Motoboy, um pé cá e outro lá, correu lá em casa pra pegar uma sacolinha com minhas bermudas velhas e largas, e minhas camisetas desbeiçadas mas aconchegantes.

Jurei pra mim mesmo que nunca mais eu deixaria de honrar este porte elegante do Valente, passando por um vexame destes!







[1] Desculpe minha antipatia. Nas etiquetas vinha marcado esse “One Size Fits All”, que quer dizer “tamanho único”. Mas eu não podia perder a chance de me exibir pra você...

[2] Eu sei que nunca na minha vida pude usar magrinho me referindo a mim mesmo. Mas depois de Einstein, bacana, magrinho cabe aqui sim!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Visualização - 29



Pouco antes da operação, claro, eu andava apreensivo com o que estava para acontecer comigo.

Passa tudo na sua cabeça. Pelo menos na minha, passava.

Que vai dar tudo certo, que vai dar tudo errado, que eu vou morrer, que foi um erro de diagnóstico e na verdade eu tinha só uma íngua...

Tudo.

Uma vez, na mesa do almoço, Carol minha linda e mãe do Tomás, fala de yoga e meditação. Respondo com uma grosseria incomum...[1]

Aí, Leco, meu oncologista, cismou de me dar força e dizia que eu tinha que acreditar que daria tudo certo e que meditação me faria muito bem. Meio de saco cheio com esta leréia, saí do consultório dele na maior irritação. Vim falando com Diogo que, se fosse fácil assim, campeonato de basquete tudo terminava empatado, com todo mundo em primeiro lugar.

Se dei mal.
Diogo tinha lido “Cestas sagradas”, do Phil Jackson. O cara tinha sido campeão como jogador na NBA, 6 vezes campeão como técnico pelo Chicago Bulls e 4 vezes campeão como técnico pelo Lakers[2]. Diogo dizia que ele meditava com os jogadores e estimulava seu povo a visualizar a trajetória da bola, antes dos arremessos. Acabava que esta história melhorava o percentual de conversão dos jogadores, arrematou ele.

Resitente, resmunguei qualquer coisa e dei o assunto por encerrado.

Saindo da UTI, na primeira visita que eu recebo de Marcão e Cecília Regueira, vem eles com esta história de meditação e visualização. Fiz uma cara de tanta falta de saco, que Cecília resolveu fazer uma sessão comigo. Por pura gentileza, aceitei e, pra acabar logo com esta história, marquei pra dali a dois dias.

No final da tarde, chega o cara da ambulância, perguntando quem iria na manhã seguinte para a primeira sessão de hemodiálise fora do hospital.

Respondi, sem me dar conta e sem a menor intenção de fazer piadinha:
- Vamos nós dois, eu e Valente.

O cara, tadinho, está sem entender nada até hoje. Mas meio que sem querer, Valente nasceu ali, na minha primeira visualização daquele que viria a se transformar no meu inseparável companheiro pelo resto da minha vida.


[1] Até hoje, morro de vergonha da minha chatura. Desculpa, Carol...

[2] Por favor, quem for fanático escreva direto pra fonte. As informações do currículo são do Diogo. Nem coloquei que ele “acha” que foi jogando pelo Knicks, pra evitar enchurrada de protestos, caso a informação não proceda. Quem fizer questão de informação precisa de basquete, procure Maurilo, no http://pastelzinho.blogspot.com/ .


Edição Extraordinária 05

Gordinha me ligou, preocupada.
- Você está deprimido, fio?
Tudo porque eu passei este tempo sem dar notícia.
Segundo Bernardo, meu sobrinho suisso que toca o blog http://novasuisse.blogspot.com/[1], tem uma hora que a gente vira prisioneiro.
Esquece ou está com preguiça e o blog lá, te olhando, esperando...

Tudo bem. Vocês me seguem. E eu sou muito grato por isto.
Mas eu passei uns dias preso, ocupadíssimo, no Meu Sítio, recuperando o prazer que o cateter havia me tirado.

Inclusive, sei lá como, um paparazzo amador conseguiu estas cenas exclusivas na imprensa internacional. Está negociando com a CNN.

Em tempo: o escorregador foi o presente que o Tomás ganhou do amigo oculto. Adivinha com quem ele saiu, adivinha?...
Neguinho lá em casa acha que foi mutreta. Eu também ficaria na dúvida, eu acho...

E voltando ao assunto que, de resto, é a razão do blog, sai do consultório do Leco, meu oncologista, na maior alegria. Tá tudo correndo às mil maravilhas.



[1] A gracinha só faz sentido pra quem é de Belo Horizonte. No caso, Bernardo é. O blog dele é pra quem achava que ir para a Nova Suiça era só pegar o 5401... Apesar de toda a pose de executivo de multinacional, Bernardo continua olhando pra aquela beleza toda com um ar de quem jamais saiu da Avenida do Contorno.