Bonequinha de Porcelana chegou um dia aqui em casa com uma mentirada danada. Inventou uma história de ser portadora de um grupo de amigos meus, com a missão de colocar um motorista à minha disposição.
Minha primeira reação, com a mão já cheia de pedra, foi recusar. Não tinha o menor sentido, esta jogação de dinheiro fora. Além do mais, se eu quisesse, eu mesmo tomaria a iniciativa...
Não tinha me dado conta da real extensão do gesto dela. Desde o início, a intenção era tirar da Gêisa a preocupação de atender minhas necessidades.
Quando eu fui falar com ela que não era necessário, Gêisa já tinha aceito, emocionada e agradecida, com um peso a menos nos ombros.
Lac veio aqui em casa. Diante da extensa lista de proibições da nutricionista, passou no Mercado Central e comprou 54 pacotinhos de sementes de flor. Diz ele que era pra embelezar o Meu Sítio.
Júnior me falou que estava com um dvd player sobrando em casa. Perguntou se eu queria ficar com o segundo, emprestado, pra ver filminho, quando eu estivesse de saco cheio. Distraído, esqueceu no lixo do quarto a sacolinha da Americanas com a nota fiscal. Tinha ido naquele dia comprar no dia este suposto segundo dvd player que ele “tinha sobrando em casa...”
Du, aquele que foi comigo no dia da internação, é o lord de sempre. Falou que vinha almoçar comigo. Por azar dele, naquele dia tinha dado um problema aqui em casa e a gente ia pedir marmita. Du nem se tocou. Apareceu, com uma marmita debaixo do braço.
Gêisa inventa desculpa, todo dia, pra eu ir dormir com ela, depois do almoço.
Biano, dia destes, deixou 3 cortes da última versão do Black Denin, desdobramento do tecido índigo que juro que fui o responsável pelo marketing do lançamento no mercado fora do eixo SP-RJ.
Mercinho colocou o problema na minha mão. Que eu propusesse um jeito de continuar colaborando.
Tomás não deixa nem o Diogo ficar abraçando muito ele. No máximo, Carol em primeiro e Gêisa em segundo. Quando fica deitado na cama comigo, eu posso abraçar. Diogo quase morre...
Mesmo não podendo, meus meninos fingem que têm que ir perto do lugar onde eu vou, só pra me dar cobertura.
O menino de Muriaé me pergunta de que maneira pode aumentar a mais valia dele, com o trabalho de um pobre aposentado.
A lista é interminável. Só de gente que arruma um jeito talentoso de driblar minha fantasia de onipotência que resulta na maior dificuldade de aceitar ajuda e de achar que eu posso resolver tudo sozinho.