quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Hipótese diagnóstica - 188



Cada vez que um médico me pede um exame, é um tandepá danado lá em casa.  Gêisa fica me questionando, querendo saber, a todo custo, qual a hipótese diagnóstica.  Eu, leso, não tenho a menor idéia do que seja isto.  Ou pelo menos, nunca me ocorre perguntar ao médico o por quê do pedido dele. 

Esses dias, ZéAugusto, meu personal nephrologist, me pediu um ecocardiograma doppler.  Com um nome bonito desses, não deu outra.  Lá voltei eu, perguntar ZéAugusto pra que, afinal, servia este exame e por que ele estava me pedindo um. 
O que, verdade seja dita, foi ótimo para eu entender a paranóia do povo com o ganho interdialítico[1].

Diz ZéAugusto que a cada sessão de diálise, meu coração pira, não entendendo porque ele tem que bombear sangue pra um corpo que ficou, três vezes por semana, um tanto de quilos mais leve, de uma hora pra outra.  Claro, eu estou falando com você numa linguagem vulgar[2], que gente comum entende.  Por isto que a recomendação médica é para que o ganho interdialítico nunca ultrapasse a 3% do peso da pessoa.  De outra forma, bacana, o coração incha e se descompensa todo.

É onde eu acho que o pessoal da saúde perde na relação com o paciente.  O tempo todo, só me recriminavam quando eu ganhava muito peso.  Ficam lá, dando puxão de orelha, como se a gente fosse menino.  Depois de dois anos de hemodiálise, só agora eu entendi a história direito.

De qualquer forma, a notícia boa é que a palavra “normal” aparece 17 vezes no relatório do médico.  Apesar do povo lá de casa não gostar muito quando eu falo assim, ZéAugusto avalizou minha declaração para a imprensa:

-  Eu ando lindo, galera!





[1] Ganho interdialítico é o peso extra que eu ganho entre as sessões de diálise, normalmente por causa da ingestão em excesso de água que meu rim não elimina mais.  Foi Alê Mello, de Guarulhos, que me ensinou.

[2] Sei que, de mim, você não esperava outra coisa.  Vulgar aqui está usado no sentido latino da palavra, adj (lat vulgare) 1 Pertencente ou relativo ao vulgo. 2 Comum, freqüente, ordinário, trivial. Segundo o Michaellis...

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Edição Extraordinária 90 - Bazar do Desapego e você




Pronto!
Acabamos de ganhar o flyer do Pedro Ivo, do Studio Cabrones.    Antes de viajar, Valéria deixou articulado com Stela a impressão dos cartazettes e a captação de doações desapegadas do povo do Programa de Voluntariado da Fundação Dom Cabral.  Elianete Hudson deixou um carro cheio de brinquedos aqui em casa.  Carol vai viajar e vai me deixar roupas lindas, quase novas, que ela precisa se desvencilhar delas.  Chegaram as caixinhas de material para fazer bijouterias que Luana mandou de São Paulo

Quer dizer, formou.

No mínimo, no mínimo, já tem coisa pros meninos da Aura brincarem e bijouterias suficientes pra gente fazer umas monitorias de artesanato que vão entreter as mães e os pais abrigados, enquanto as crianças vão receber as sessões de radiação.

Claro, ainda tem muita gente que quer participar, enviando doações.  A gente tá esperando por isto.

 Os brinquedos que Elianete mandou pra nós

 O bolo de caixinhas pronta pra serem transformadas em bijouteria que Luana mandou.

Agora, se você ainda precisa de mais informações, volta lá no primeiro post onde nós colocamos as perguntas mais frequentes do Bazar do Desapego e fala se falta esclarecer alguma coisa.  Abre seu armário, veja o que você não usa há muito tempo, exercita seu desapego e manda pra nós.

As crianças da Aura vão passar um dia das crianças melhor.




domingo, 25 de setembro de 2011

Edição Extraordinária 89 - Barraginhas

Luciano Cordoval, se desmanchando de satisfação, diante do quadro retratando o lago de múltiplo uso, em Porteirinha, MG


Esses dias deu um conversê danado quando um pesquisador indiano descobriu que, debaixo do Rio Amazonas corria outro rio, lááá embaixo, no lençol freático, com milhões de litros dágua.  A história do Rio Hamsa[1] é só a confirmação do que Luciano Cordoval, pesquisador da Empraba Milho e Sorgo, de Sete Lagoas, anteviu quando se deu conta do conceito das barraginhas.

Modestamente, achei a maior bobagem.  Tem é tempo que Luciano foi lá no Meu Sítio pra implantar 7 barraginhas, que jogam 1 milhão de metros cúbicos de água a cada chuva pro lençol freático, impedindo a formação de vossorocas no terreno e fortalecendo as águas dos rios da região.

Luciano conta que a coisa veio como uma visão, quando ele visitava Israel.  Exatamente no local para onde parecia correr a água da chuva, brotava sempre um oásis.  Com esta coisa na cabeça, Cordoval voltou disposto a criar oásis pelo semiárido do Brasil.

Nem sei quando foi esta viagem a Israel.  Mas de lá pra cá, Luciano já foi chamado pra contar a história no Fórum de Kyoto, já ganhou tudo que é prêmio de Tecnologias Sociais, já foi considerado pelo PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento um dos “50 jeitos brasileiros para mudar o mundo”.  Obama é que não conhece ele, senão diria que, ele sim, é que é o cara!

Enfim, entre filhas, netas e bisnetas, Luciano já implantou entre 300 e 500 mil barraginhas pelo Brasil.  Só em Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha, treinou 400 técnicos da Embrater que implantaram mais de 5.000 barraginhas até hoje.

Em Cáceres e em Montes Claros, o Ministério Público Federal tem usado, em vez de cobrar multa, exigir que os condenados por crimes ambientais, como medidas compensatórias, entreguem barraginhas para a comunidade.

Agora, a última inventação de moda do Luciano é integrar as tecnologias sociais das barraginhas e do lago de múltiplo uso para garantir sustentabilidade hídrica para agricultores familiares, viabilizando criatórios de peixes e irrigação de hortas. É só você correr no blog das barraginhas que vai encontrar, por exemplo, a experiência na comunidade Fazendinhas Pai José, no município de Araçaí-MG, como foi que em um solo seco sob vegetação de Cerrado,  depois de um monte de reuniões com a comunidade, foram construídas 96 barraginhas no ano de 2008 e 90 em 2009, para colher a água dos escorrimentos superficiais das chuvas: as enxurradas. As barraginhas são carregadas e descarregadas de 10 a 12 vezes por ano, infiltrando e elevando o lençol freático, umedecendo o solo em torno delas e nas baixadas, amenizando secas, revitalizando córregos.  De quebra, constatou-se um aumento do nível das cisternas de quatro para 10 a 11 m de coluna de água, gerando nos agricultores sentimento de abundância.  
Isso viabilizou a construção de lagos impermeabilizados com lona de plástico comum para armazenamento de água durante o período seco, pelo bombeamento de água das cisternas, o que viabilizou a criação de peixes e ainda irrigação de hortas. De forma complementar, no período chuvoso, os lagos são abastecidos também por água captada por telhados.

O legal é que o entusiasmo do Luciano com as barraginhas é contagioso.  A experiência já foi replicada com sucesso em mais dois municípios vizinhos e poderá ser extrapolada aos estados do Brasil central, onde predominam solos e condições similares.

Brincando, brincando, as barraginhas do Luciano já devem ter dado mais água que o tal Rio Hamsa.

Ciça, minha filha, este post é em sua homenagem!




[1] Recebeu o nome em homenagem ao pesquisador indiano que procurava petróleo na região.



quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Edição Extraordinária 88 - Love is in the air


Ainda bem que o Meu Sítio é o maior centro de celebração da primavera que eu conheço.  Começa com a gente adorando quando pipocam os ipês amarelos no meio do cerrado seco[1], depois as orquídeas floram e aí vem fruta que não acaba mais.


 
Esse ano, os tucanos deixaram de ser as grandes estrelas.  Ciça e Cristiano encheram a casa de comedouros e danou a aparecer canário chapinha e um punhado de outros, que antes eram mais raros.


 E eles andam num assanhamento que não perdoam nem a própria imagem no retrovisor da carro. 

Todo mundo querendo se arrumar, eu acho.


 


Até as Alabama’s White Cock karatê kids do Serginho, que não são bobas nem nada, me apareceram com uma ninhadinha linda.
 


Agora, me fala se cortar a barba não é o mínimo que eu posso fazer.  Fala?


[1] Tudo igualzinho o acampamento do capitão Herculano...

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Edição Extraordinária 87 - Marcelo Xavier



Quando Marcelo criou o cenário da festa de 15 anos da Lisa, combinou com ela que o tema ia ser o branco da pureza da menina.  Só que quando eu fui produzir a festa, Marcelo escolhia vermelho, e azul, e amarelo, e verde, uma caixa de lápis de cor só.
Meio desorientado, perguntei:
-  Mas não era branco, Marcelo? 
E ele, com o sorriso mais astucioso que um mineiro pode ter, justificou: 
É o efeito surpresa!

Marcelo sempre foi assim.  Uma surpresa atrás da outra.

Luiza, a mais velha dele, tem ódio de mim porque eu conto isto pra Deus e o mundo.  Agora, não vai me perdoar nunca mais.  Numa época em que ninguém falava em sustentabilidade, Marcelo, visionário, fez uma árvore de Natal na casa dele toda reciclada. 
Foi o que bastou.  Luiza desabou a chorar.
-  Será possível que eu não posso ter um pinheirinho de Natal igual todo mundo?
Pode não, Luiza.  É o preço que a gente paga por ter esta caixinha de surpresas nos iluminando o caminho.

Agora, a próxima e mais surpreendente.  Quando eu achava que já conhecia tudo dele, amanhã, quinta, 22, a partir das 19:30, no 104 da Praça da Estação, Marcelo lança TEMPO TODO, seu primeiro livro só de poemas, sem nenhuma ilustração de massinha. 
Cada um, mais doce que o outro.
Depois a gente lança de novo no sábado, 11 da manhã, no Café Book. 
Acho boa idéia ir nos dois.  Aposto que vai ter surpresa...

Da minha parte, fico com o inesquecível bilhete que ele me mandou quando Tomás nasceu, que podia bem fazer parte deste livro.

Quando nasce um neto,
nasce com ele um avô.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Edição Extraordinária 86 - Finalmente, Ives!


 
Outro dia destes, no Estado de Minas[1], a Demi Baguette fez o maior sucesso.  Dizia o jornal que o bistrô do Ives dá dignidade ao sanduíche e oferece cardápio selecionado de pratos e saladas

O Ives, se você vem pouco por aqui, é responsável por uma das histórias mais engraçadas que aconteceram comigo lá no comecinho.  Mas aí ele fez o transplante e anda cada vez melhor.  Desde o começo é o personal chef de cuisine dest’A Saga.  Não tem uma confusão que a gente arrume que ele não esteja lá, garantindo o apoio.  Primeiro, fez um caldo de costela cinematográfico na primeira NefroWalker (vale a pena você pegar a receita aqui).  Depois, garantiu uma Caesar Salad saltless, especial pra nós, pacientes renais crônicos, na NefroWalker da Represa Santa Lúcia.  E como se não bastasse, Ives adora comemorar o aniversário dele cozinhando no Restaurante Popular, pra quem não tem a sorte que nós temos.  Não é à toa que o aniversário dele é no dia 25 de dezembro.  Tá em boa companhia, o caboclo...

Ives é um dos precursores da gastronomia em BH e foi um dos fundadores do Clube Gourmet.  Até hoje eu tenho saudade do Pato com Laranja que ele servia no Pato Selvagem, há mais de 20 anos atrás (eu acho...).  Por causa deste background, Ives elevou o sanduíche a um nível de refinamento que eu achava incompatível.  Fez uma pesquisa profunda pra localizar fornecedores, no Brasil e fora, de presuntos, laticínios e todo tipo de ingredientes refinados pros sanduíches na baguette que ele serve.  Chegou mesmo a desenvolver com a Vilma[2], daqui de Belo Horizonte, a massa exclusiva para a Demi-Baguette.

O forte da casa são os sanduíches.  Eu estou doido pra experimentar um feito com presunto cru pata negra, que deve custar entre 35 e 40, mais o custo de mandar a calça pra lavanderia.  Você come de joelhos, rapá...  Mas você também pode comer porções de queijos e frios, se preferir.
Ou ainda pode sorver do talento do mestre com as porções individuais de coc au vin, linguado ao creme de uvas brancas com aspargos, filé com vinho tinto e mil outros refinamentos surpreendentes.

O Demi Baguette fica na Rua Antônio Aleixo, 240, quase esquina com Rio de Janeiro, em Lourdes.  Pra quem preferir reservar mesa, o telefone é (31) 3054-8888. Até umas 22 horas, você pode pedir o Delivery, hoje ainda restrito nas redondezas.  Mas aproveita e dá um pulo.  No mínimo, pra bater um papo com o dono da casa.


[1]  A foto, aliás, é do jornal.  Mas na matéria não há referência aos créditos.

[2]  Dominguinhos foi o melhor goleiro de futebol de salão do mundo.  Ou, vá lá, da minha turma do Círculo Militar

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Percurso - 187



Outro dia estava falando sobre mamãe vivendo no meio da revolução tecnológica, se virando muito bem, quando você considera todos os tsunamis que ela vivenciou.  Aliás, mamãe já andou meio muito.  Já ficou com medo do papai ir pra guerra, já rodou meio Brasil com a gente menino, já me viu tomando bomba no Loyola, já ficou com medo de não conseguir cuidar da gente quando papai morreu, já deixou cheque assinado em branco quando foi fazer operação de câncer de mama, achando que não ia voltar nunca mais, já teve certeza que, quando eu fui pra França, não ia ver Diogo nunca mais, o primeiro neto, de colo, que nem tinha completado um mês, ainda.  Estaria dura e preta, quando eu voltasse, dois anos depois.

 Fato é que os sete filhos já deram 19 netos pra ela[1], que já está caminhando pro terceiro bisneto.  Já mudou três vezes pra aquela que parecia ser sua casa definitiva.  Atrevida, anda brigando com a gente, achando que pode morar sozinha no apartamento.

Um tempo atrás ela plantou uma jaboticabeira bem pequenininha no Meu Sítio.  Dava nem um palmo, a arvrinha.  Olhava pra ela e falava comigo assim:
-  Será que eu ainda vou chupar desta jaboticaba?
Ano passado ameaçou, mas só jaboticabinha pros passarinhos.  Este ano a menina está só esperando as primeiras chuvas de outubro pra pipocar a primeira safra dela.  Tá cheia de flor...
E mamãe lá, inteiraça.

Outro dia ela estava meio derrubada, reclamando da vida com a Lisa.  Nunca pensei que envelhecer fosse uma coisa tão difícil, disse ela tentando sensibilizar a neta.  E Lisa, nem se abalando, rápida e ferina como ninguém:
-  Mas vó, a senhora esta reclamando disto só agora?  Tem uns 20 anos que a senhora já é velha...

Encantada, mamãe olha pra Lisa e sorri, concordando ....



[1]  E olha a cara de feliz da Regina...


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Edição Especial 85 - Hibiscos Azuis


Na faculdade, Terezinha era hippie.  Daquelas de andar com tiara de flor de laranjeira na cabeça.  Cabia igual luva numa capa de discos dos Novos Bahianos.  Wilson, com seu olho profissional de fotógrafo, foi o primeiro a ver que o encanto morava ali.
Foi o que bastou.  Tomou conta do pedaço.

A gente nunca mais se separou.  Andava uns tempos sem se ver, mas um sempre teve crachá de área VIP no coração do outro.  O curioso é que, com o passar dos anos, aquela magrelinha cheia de mistérios e seu dente de coelhinho, saia comprida de chitão, desabrochou e me deixa a cada dia mais enfeitiçado por ela.

Terezinha faz bordados que são de uma genuína delicadeza. 
Agora deu pra escrever poemas, todos pura suavidade e esmero.
Amanhã, quinta, 15 de setembro, a partir de 18:30, a Editora Asa de Papel lança Hibiscos Azuis, o primeiro livro de poemas dela.
Vai ser no Café Book, na Rua Padre Rolim, 616, esquina com Avenida Brasil.

Olha esse pedacinho, só pra aumentar sua vontade de aparecer por lá:

Dizem que sou doida

Quando o salário fica menor que o mês,
e isto sempre acontece,
aproveito o passar de umas necessidades,
só pra lembrar de como era nossa vida
na infância.
Um pão pra cada um.
Arroz, feijão, cará e alface durante semanas...
Algumas vezes, carne moída, na trouxinha de alface.
Frango, só nos dias de aniversário.
O sapato dos meninos sofria um corte com gilete, na ponta,
pra servir por mais tempo.
Então, não recorro a empréstimos, evito fazer uso
do limite de crédito, e começo a economizar.
Corto aqui, corto ali.  Improviso um almoço.
Deixo de ter, deixo de comprar.
Deixo tudo que posso para o mês que vem.
Aí, quando penso que não,
a poesia me visita.


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

F.A.Q. sobre o Bazar do Desapego - 186


  
·        Como é que apareceu o Bazar do Desapego?
Não tenho a menor idéia.   Pra mim, o Bazar me foi apresentado pela Lisa, minha filha do meio, que, de vez em quando, reúne as primas pra se livrar das roupas, lindas e em bom estado, que ela já não quer mais.

·        Quem vai se beneficiar com isto?
Primeiro, a Aura, uma casa de apoio a crianças e adolescentes em tratamento contra o câncer, e seus familiares.  Eles vêm de cidades do interior de Minas e ficam hospedados na Aura, enquanto fazem o tratamento.
Segundo, você.  Acho que você vai ficar feliz de contribuir com um projeto destes.  Depois passa lá e dá uma olhada no trabalho que eles fazem.  Fica na Rua Conde de Linhares, 403, na Cidade Jardim
 
·        Qual o nosso objetivo?
Pelo que nós conversamos com a Aura, o que eles mais precisam são alimentos perecíveis.  Significa carne, danoninho, manteiga, leite, essas coisas que criança gosta e precisa.  É isto que nós vamos tentar conseguir pra eles.

·          O que eu posso doar?
Tudo o que você tiver em casa e que esteja em bom estado.  O que tiver uso direto, a gente já encaminha pra eles.  Se você quiser doar dinheiro, ligue pra nutricionista da Aura (31 3282-1128) e vá ao Carrefour Cidade Jardim, que fica bem pertinho, compre o que ela lhe recomendar e já deixe direto na casa da Aura.
É aí que nasce o Bazar do Desapego.  A idéia é a gente transformar tudo o que for doado em coisas que sejam úteis para a Aura.  Ou seja, o que você comprar no Bazar do Desapego, a gente transforma em alimentos perecíveis para eles.

·        E se eu quiser doar, por exemplo, um jogo de cama quase novo?
Bom também.  Neste momento a Aura não tem nenhuma necessidade de lençóis.  Aí você torce pra gente conseguir transformar sua doação em yogurte ou alguma outra coisa que as crianças da Aura precisem.
 
·        Onde vai ser?
Rijane, amiga nossa, cedeu a casa onde ela se reúne com bordadeiras e artesãs para abrigar o Bazar do Desapego.  Fica na Rua Abre Campo, 290, quase esquina com Paulo Afonso, no Santo Antônio;
 
·        Que dia vai ser?
O Bazar do Desapego vai ser no dia 08 de outubro, sábado, no final de semana antes do dia das crianças.
 
·        Como eu participo?
Vamos nos reunir na terça, 13 de setembro, na Padaria Vianey, na Rua Aimorés, 141, entre Piaui e Maranhão (eu acho) de 18:30 às 20 horas. Alí nós distribuiremos as tarefas e definimos como organizamos a logística do processo todo.
Mas, enquanto isto, pode ir preparando as coisas que você quer se desapegar, vai lavando, passando bonitinho, embrulhando pra presente e vendo de que forma você pode fazer chegar até o Bazar.

·        Sabe o que mais vocês deviam ter colocado aqui?
Claro que não sabemos.  Pergunte aqui no blog porque, ao responder, quem estiver interessado fica sabendo da resposta,

ps:  A Lisa tem o desapego como um valor essencial na vida dela.  Pois você acredita que, pouco antes de viajar pro Rio, ela se apropriou de uma fantástica mochila que eu tinha pedido Diogo pra comprar pra mim. 
Diante do meu olhar desolado, ela me fuzilou, inclemente:
-  Que que é?  Vai ficar apegado agora?
E saiu, rindo, com minha mochila novinha.

Até hoje sinto uma dor aqui no fundo do meu peito...

domingo, 11 de setembro de 2011

Rapidinhas 11 - Ainda mais bonita




Só pra registrar que o Beto fez a moça ficar ainda mais bonita.  Mandou muito bem.
Raquel também ia doar no sábado com alguém.  Tá ótimo.  Começou o movimento.

Acho que assim fica um jeito concreto da gente rezar pela Marlene.

Fica com Deus, minha linda.

 

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Na escuta, câmbio - 185



Rodrigo do Cuca está promovendo, ainda que sem querer, uma fantástica mudança lá em casa.  Ele e Ciça, minha mais nova, sempre arrumam um tempinho pra almoçar com mamãe e Rodrigo carrega com ele seu inseparável iPad.

O animalzinho[1] tem feito a alegria da mamãe.  A danada circula nos facebooks da família, lê o Valente, se diverte.  Esta semana fiquei um tempo à tarde com ela e Rodrigo deixou o iPad conosco.  Fiquei fascinado com o jeito tímido com que ela arriscava passar páginas, meio que sem acreditar no que o aparelho era capaz   E curioso com a segurança com que ela já brigava comigo, dizendo que não era desse jeito que passa as páginas ou aumentava as fotos.
Por acaso, outro dia mesmo o Lu da Litro[2] colocou uma frase no grupo nosso de planejamento que me fez lembrar das aventuras de mamãe com o iPad.  Lu dizia que “o comportamento digital passa de filho para pai”

Já tinha sacado algo parecido que me permitia prever que as novas tecnologias iam passar de filhos para pais[3].  A gente estava em um shopping, as meninas bem pequenininhas entravam na escada rolante quase que de costas.  Pra mamãe, era um desafio que ela quase se desconfigurava toda, ao pisar na máquina.

Pensando bem, sorte dela que anda vendo estas revoluções todas e, devagarzinho, vai incorporando com a velocidade que lhe apraz[4].



[1] O iPad, não o Rodrigo ...

[2] Na verdade, o Lu é diretor de planejamento da Inovate.  Mas pra mim, é o Lu da Litro, a primeira agênciazinha revolucionária onde eu conheci ele.

[3] Eles nunca lêem o Manual de Instruções.  Simplesmente sabem...

[4] E a dificuldade que foi, descobrir que “que lhe aprouver” é uma flexão do verbo aprazer, com o sentido de causar prazer?  Era capaz de jurar que era alguma coisa do verbo aprouver, conjugando, no caso, “como lhe aprouve”.  Por isto que eu gosto de escrever com o Novo Aurélio no computador...





quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Edição Extraordinária 84 - Foi dada a partida



Luana enlouqueceu de vez.  Mas foi bom porque com isto a idéia do Bazar do Desapego ficou irreversível.
Só sei que ela começou uma campanha no facebook que já mobilizou um punhado de doador pras crianças da Aura.  Uma coisa muito simples, sem maiores complicações.  Começou assim:  juntou tudo que o Atêliê tinha de produtos não comercializável e organizou em caixinhas bacanérrimas.
Daí, lançou um desafio pras clientes e amigas dela. A pessoa contribui com R$ 5,00 por uma caixinha destas.  Aí, que nem a história da multiplicação dos pães, o Ateliê de Criações faz a caixinha, banca o frete pra caixinha chegar na Aura, e, com as 5 pratas que a Luana recebeu dos clientes, ela manda mais 5, por conta dela.

O que eu tenho percebido é que, mais que receber a caixinha, a gente vai montar, no dia das crianças, uma oficina de bijouteria.
Vamos colocar crianças e mães, pais e monitoras pra fazer bijou.

A grana vai ajudar a Aura com uma coisa que é particularmente complicada pra ela: alimentos perecíveis.  Significa yougurte, danoninho, leite, manteiga, estas coisas que criança adora e precisa.

Terça feira vou me reunir com meu povo, aqui em Belo Horizonte pra gente começar a recolher as coisas do Bazar do Desapego.

Diga-se de passagem, com uma pulga atrás da orelha.  Até agora eu não entendi como a Luana consegue receber R$ 5,00, bancar o frete e ainda mandar 10,00.

Sei que a coisa tá dando um certo danado.  Já arrumou um punhado de caixinhas aqui pra Belo Horizonte e a idéia já foi replicada pra Governador Valadares.

Vai ter um monte de criança com bijuteria nova, feita por ela mesma, no dia 12 de outubro.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A moça mais bonita da cidade - 184



Paulo Guido era irmão mais novo da mamãe.  Abaixo dele tinha a Dinha, a Olímpia e o Fernando, mas aí são as “meninas da Maricas”. 
Quando Paulo estudava Direito, morou lá em casa.  Era só papai e mamãe saírem, a gente arrastava móveis do nosso quarto, o maior da casa, e começava um racha entre as camas e guardaroupas.  No par ou ímpar a gente disputava.  Paulo e um de nós contra os outro dois.  A janela ficava aberta para que os atletas se mantivessem vigilantes, de olho na hora que mamãe voltasse.

Quando Paulo voltou pra Governador, casou com a menina mais bonita de lá.  O resultado foi Marcela, Patrícia e Renata, as primas mais encantadoras que já tive.  E, vá lá, Paulinho Guido também.

Semana passada a gente andou se mobilizando na família pra doar sangue.  Marlene estava muito doente, por conta de um câncer que tomou conta de todo o fígado.  Alguém até teve a idéia de doar o sangue em Valadares e avisar ao Hemominas que o sangue era pra ela.
Mas não deu tempo.  Ontem, quando eu cheguei do Meu Sítio, mamãe me falou que Marlene tinha morrido no sábado.

Fiquei conversando com meus botões que todo mundo que pensou em doar, ou aqui ou em Valadares, podia bem é fazer a doação do sangue, mesmo assim.  Pensando na Marlene.  Acho que é uma forma bacana da gente celebrar a doçura que ela, em vida, passou pra nós.  E que a doçura e o desprendimento dela devem servir pra ajudar a vida de alguém que está, neste momento, precisando.

O que a gente não conseguiu fazer para ela, que seja feito por ela.
Bora, galera.  Tem muita gente precisando de um bocado de sangue generoso.  Corre lá e faz o que não deu tempo de fazer.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Feliz Aniversário II - 183



Acaba que eu me dei conta disto ano passado, quando eu fiz meu primeiro aniversário da notícia que eu estava estive com câncer.  Depois, conversando com o Xande, meu personal urologist, sobre o dia que ele me deu a notícia boa, entendi que a data bacana mesmo da gente celebrar é a da operação.

Nada a ver com renascimento, essas coisas.  Eu e o Xande desenvolvemos um código que nós dois entendemos bem.
Uma, porque a operação interrompeu o ciclo da doença.  Só isto já teria valido a pena.
Mas o mais legal, é pelas outras coisas que a operação trouxe pra minha vida. 
Por exemplo, eu só poderia ser operado se a equipe que o Xande conduziu conseguisse desobstruir minha veia cava.  Tinha um teba de trombo, um chouriço lá que, a qualquer hora, poderia soltar um coagulozinho de nada e tava eu com um AVC detonando minha vida.  Foi um sucesso.
Por exemplo, ter visto a vó pela greta me fez repensar um punhado de coisas na minha vida e redirecionar pras coisas que efetivamente eram mais importantes.
Por exemplo, eu aprendi a conversar com Ele, coisa que eu tinha perdido o costume.

Eu sei que, com esta coisa, meu calendário virou de pernas pro ar.
Aproveita e anota aê, pra você passar a acompanhar:
-  19 de março: dia dos pais, por causa do dia de São José.
-  1º de setembro: dia do meu aniversário.
-  22 de setembro: dia de celebração da vida, quando o primeiro raio da manhã da primavera encontra meu rosto sem barba.
-  24 de outubro: dia do préNatal, de você me dar brinquedo de presente pra eu e Tomás levarmos pros meninos que não tem[1] presentes.

Na boa, fala se eu não arrumei um jeito sofisticado pra resolver a questão que fascina Tomás sobre aniversários[2]?


[1]  Afinal, tem ^ ou não tem, no verbo ter, terceira pessoa do plural pelo Novo Acordo Ortográfico?
[2]  Bem lá no finalzinho.