domingo, 22 de maio de 2011

Edição Extraordinária 66 - A louca


Júnia era, de longe, a menina mais bonita da turma nossa do Círculo Militar.  Tão bonita que nenhum de nós se arriscava a se engraçar com ela.  Mas eu achava encantadora mesmo era a Lina, pena que MUITO mais nova, com a cabeleira e o sorriso mais fartos de Belo Horizonte[1].
Deve ser a síndrome de Lucas Machado, the senior, que encheu este mundo de louras lindas[2], tirando o sossego da gente.  Só avião...

Mas louca mesmo, é Dona Branca, mãe delas, filha do velho Lucas.  Uma vez, meados dos 60'. papai, militar todo rigoroso, comentava com ela sobre um dos primeiros artistas a se assumir, e usou o termo homossexual.  Fingindo um respeito inexistente, Dona Branca pergunta pra mamãe, à meia voz: 
-  Ele não sabe o apelido não?

Há coisa de um ano atrás, eu e ela nos redescobrimos na blogosfera.  Manu, neta, convidava para entrar no recém criado blog, onde ela começava a compatilhar conosco seus delírios.  Doida total...
Agora as histórias dela viraram um livro primoroso, Sigilo & Outros Avulsos, onde a gente dedica um tempo lendo e outro tanto, a descobrir novos detalhes nas fotografias do Miguelzinho Aun.

Tem uma historinha lá que parece coisa de Adélia Prado:
“Sinto vergonha de ser tão absurdamente feliz assim: sou bem nascida, me criei rodeada de benquerenças e retribuo dando muito amor às outras pessoas.  Me pergunto: que mal fiz eu pra ser infeliz?  Não caio nesta pegadinha mesmo.  Se sou assim é porque mereço.  Ora, se mereço não tenho do que me envergonhar, né?  Sou feliz, desavergonhadamente feliz.”

O meu eu comprei no lançamento, na Mineiriana.  Se vira pra encontrar o seu.  É a melhor aula de amadurecer com liberdade que eu já recebi na vida.

Dona Branca, autografando meu livro.  Vigilante, a moça da cabeleira farta.


ps:  O destaque de elegância vai pro TiLucas, no prefácio, que deixando os holofotes pra autora, se assina Luquinhas, como se fosse um ninguém...



[1] Na época não usava.  Mas louca herdada da mãe, Lina a-ha-za-va...

[2] Tetê, Luiza, Adriana, Flávia et alli


5 comentários:

Bonequinha de Porcelana disse...

Na verdade, o papai assinou "Lusquinhas", que é como Tia Branca o chama. Mas a editora decidiu que ele escrevera errado o próprio apelido...

PC disse...

Criativa, ela, Bonequinha.
Só chamo ele agora de TiLuscas

Anônimo disse...

OWW Mano !
Vc tá por fora não sabe de nada, parece o soldado, acredita que sabe!!
O coronel falou foi " PEDERASTA " EM VEZ DE HOMOSEXUAL.
Flow? ? ?
Beijos
Diamantino

Anônimo disse...

Again !
Rapá, que saudade deste povo! ! !
Da Louca mais lúcida que já conheci e sua bela ninhada.
Bons tempos aqueles, né?
Nós éramos felizes e sabíamos !!!!!

PC disse...

Mas pederasta também encaixa igual luva na história, Diamantino.
Foi uma delícia, encontrar todo mundo.
Beijos