quarta-feira, 31 de março de 2010

PVC - 58



Hoje eu não estou bom não.  Estou mais estragado que o Valente nesta ilustração.

Começa que eu fiquei particularmente balançado quando começava a manhã com meu ritual diário, lendo o Eduardo Almeida Reis no Estado de Minas.  Ele fechava a coluna com a seguinte ruminança. de autoria de R. Manso Neto:
“Sinal seguro da velhice é quando os gases estrepitosos, conservando suas demais características, acrescentam o tom marrom.” 

Até hoje minhas manifestações, neste sentido, tem se mantido acromáticas.  Mas temo que eu esteja a um passo do depoimento pessoal do senhor R. Manso Neto.

Me[1] explico pra você, que não consegue mais manter a imparcialidade e quer hipotecar sua solidariedade pra Gêisa.  É que eu ando tomando remédio que não acaba mais.  Tem acetato de cálcio, um quelante, tem um coquetel de vitaminas pra anemia, tem daflon, pra circulação nas pernas, tem o sutent que é o mais poderoso, que substitui a quimio.  Este coquetel todo vem mesclado com as estratégias recomendadas pela Diana, minha personal nutricionist lá da clínica de nefrologia.  No dia da hemodiálise eu como uma laranja com a casquinha branca incluída e um mamão com semente e tudo.  Todo dia bebo meio litro de água, com duas ameixas secas deixadas em imersão por 24 horas.

Quer o que?  Não tem cidadão que fique  travado.  O resultado, entretanto, é meu respeito pela síndrome de Manso Neto...

Pra piorar a situação, fui chamado hoje, no INSS, para a perícia médica.
Fui lá com o relatório do Zéaugusto, meu personal nefrologist, e do Leco, meu personal oncologist. Lidos separadamente, até dá pra encarar.  Mas os dois juntos, é um estrago só.

Toda atenciosa, a médica me perguntou se eu concordava em ser encaminhado para a aposentadoria por invalidez.
Ela entendeu como uma anuência quando meu olho encheu dágua.
Fazer o que?  Eu não tinha muita alternativa.

Vingativo, na hora em que saia do prédio do INSS da Afonso Pena, deixei, atrás de mim um sonoro, e por enquanto acromático, torpedo.

Bem feito, pensei comigo...



[1] Antes do Cuca reclamar, já lembro a ele que pronome iniciando frase é aceitável quando o relato assume um tom coloquial, conforme nos garantiu o Aurélio, consultado pra um texto da Cedro...

8 comentários:

Anônimo disse...

O mais correto é Explico-me.

Cuca

PC disse...

Corrijo-me.
Quem deu o nihil obstat foi o Houaiss, Cuca.
Com o aval dele, meu lindo, fico impossível.

Anônimo disse...

Cesar, concordo e assino em baixo com o que a Patrão falou sobre a tia Téca, registrando apenas que você foi muito parco ao falar sobre "os poucos hóspedes" que passaram pela casa do tio Henrique e da tia Teca. Ao contrario do que você disse foram muitos os que por ali passaram, além daqueles que semanalmente iam a sua casa para filar o almoço (e exigindo a sobremesa-gelatina cor de rosa) e o lanche, com bolo e pão de queijo aos domingos.
Saudades, Celsinho

PC disse...

Aguarde que agora mesmo vem um depoimento a respeito, Celsinho

Dênio Mágno disse...

ha!ha!ha!ha! aposentadoria ha! ha! ha! invalidez ha!ha!ha!ha! Morro de rir... se conheço bem a peça, nenhuma, nem outra.

PC disse...

Quê isto, Dênio?
Eu sou só um velhinho de barba branca...

Renata Feldman disse...

Seu bom-humor é transforma-dor, caro amigo!
Tudo de bom pra você!

PC disse...

Quando eu me dou conta, Renata, já falei.
Tem hora que eu vejo tabus que eu não queria partilhar com ninguém e, de repente, o Valente conta.
Agora eu acho que escrevi o blog, no duro mesmo, pra mim.
Descobri, ao longo do tempo, o quanto ele é transforma-dor pra mim.
Beijos