Sempre tive muito medo, com esta minha mania de contar mentiras,
que Tomás pegasse gosto pela coisa. Mas
fico muito satisfeito, orgulhoso mesmo, vendo ele fazer a distinção entre brincar
de delírio e faltar com a verdade. Tomás
incorporou bem esta cisão, que eu acho vital no caminho da gente atrás da
felicidade.
Descobri isto, brincando com ele no meu quarto, depois do
banho. Enquanto eu enxugava o menino,
ele de costa pra janela, fingi um medo repentino e, pasmo, falei:
- Tem um ninja na
janela!
Tomás, claro, virou-se, rápido como o objeto da conversa, e
eu, sem perder o pique, emendei:
- Ele é como um raio. Já foi embora.
E, como se não tivesse acontecido nada, continuei meu ofício
de avô, arrumando o menino.
Tomás, com um leve esgar lhe rasgando a cara, perguntou:
- Sério?
Claro que era sério, eu falava. E repetia a brincadeira umas três vezes. Em todas as três, Tomás virava pra janela,
sorria e me perguntava:
- Sério?
Foi assim que o código ficou estabelecido.
Outro dia ele chegou do Clic e falou comigo:
- Vô, tinha um
crocodilo na torneira do banheiro dos meninos. Mas só eu que vi!
Foi minha vez de retribuir. Perguntei pra ele:
- Sério?
O menino não coube em si de contentamento. Foi contando uma história cada vez mais fantástica
do crocodilo, ele negociando pro bicho não sair porque ia assustar os colegas, convencendo
a tomar o caminho de volta, torneira adentro...
- Sério?, eu
perguntava.
E lá ia ele enriquecendo a história, feliz em me deixar ali,
brincando de morrer de medo.
Agora é assim: sempre que um quer avisar o outro que lá vem
um ninja ou algum outro exercício delirante, o código é sempre este:
- Sério?, seguido do
sorriso.
Legal é que a gente guardou a intransigência do compromisso
com a verdade. Só pode brincar de
inventar quando se lança mão do código. Ainda
não ocorreu nem uma vez de ele me mentir, sem lançar a mão do artifício.
E olha que ele é marrento. Quando fala que não fez, não fez mesmo.
Encara as consequências até o final!
Crédito da foto do ninja pra Tia Sophia Oliveira, um ás no gatilho
7 comentários:
serio??
É por isso que eu gosto de vc, Paulinho... Vc tem a alma de menino...
Também brinco desse mesmo jeito com meu sobrinho de 6 anos - e ele ama!!!
Que brincar o que, Laurinha.
O ninja tava ali mesmo...
Sério?????
E aí, Laurinha, a conversa vai rendendo, com os doidos cada vez mais piorando a situação.
Sério!
Foi mesmo, Vi.
Sério!
Boa noite, tudo bem. Meu nome é Rodrigo, lembra de mim?Recentemente, entrei em contato com contigo falando de um projeto de um site de saúde. Até o presente momento, não recebi respostas suas. Aconteceu algo? Por acaso, não se interessou pelo nosso projeto? Será bom ouvir o teu comentário.
Se,por acaso, esqueceste do que eu tinha proposto, vou lhe relembrar. A proposta é fazer com que você conte a sua história de superação diante de uma doença, enfermidade, etc. Como será postada em um site é imprescindível observar a ortografia, caligrafia e coerência do texto no sentido de haver uma harmonia entre os parágrafos. Caso se interesse, entre em contato comigo, mande seu texto e ajude a melhorar a vida de outros que podem, neste momento, estar passando pelo que você passou. Se possível mande a sua foto para que todos possam lhe conhecer. A sua história deve estar no máximo de duas páginas (é claro que a sua história não se resume a duas páginas, mas é política interna do site). Espero que entenda e possa colaborar conosco. Espero, ansiosamente, a sua resposta.
este é o link do site para qualquer dúvida.
http://www.isaudebahia.com.br/noticias/detalhe/noticia/hipertensao-e-angioplastia-conheca-a-historia-de-superacao-de-carlos-jose/
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