sábado, 2 de outubro de 2010

Sozinho não, violão - 113


De vez em quando eu ando pensando sobre o meu câncer e nas várias hipóteses de como eu arrumei ele.  Neguinho já me falou de autodestruição, de fundo psicológico, de má alimentação, de um punhado de variantes.  Eu sempre fiquei muito fascinado, tentando entender de como ele resolveu se instalar na minha fábrica de excreta.  Até hoje não entendi, mas vivo me perguntando a fonte, cuidando pra não deixar ela voltar.

Ainda esta semana assistia a uma entrevista de um médico falando de uma quantidade de fontes que a gente tem pra desenvolver um câncer.  É mama, é útero, é colon, é próstata, é exposição a radiação solar...  Cada hora aparece uma fonte nova, com um potencial de destruição grande.

Estes dias, em Valadares, o Célio da Celinha, pai da minha irmã, está em coma.  Fumou a vida toda.
Todo mundo rezando com o povo dela pra passagem acontecer da maneira mais suave possível.  Mas de qualquer forma, não tem muito jeito de ser suave, uma história destas...

O que mais me incomoda, quando vejo uma coisa destas acontecendo, é ver pessoas que eu amo, e muito, brincando de pique esconde com o câncer, com cigarro na boca.  Tudo abusando da sorte, como se estivesse desafiando Deus, se achando inatingível.

Cada vez que neguinho acende cigarro, nasce em mim uma paranóia, tentando prever até quando a saúde vai continuar presente na vida da pessoa. 

Principalmente com você, a luz que ilumina a vida de tanta gente, eu fico pensando quando é que eu vou começar a morrer junto.  Igual Celinha está sofrendo agora.

Qual é a graça, gente, de jogar a responsabilidade toda pro seu Valente brigar sozinho?  Dá uma ajudinha pra ele, rapá...

15 comentários:

maria antonia disse...

Dá procê tirar o pronome possessivo na 2a.frase? A doença não é sua. Sua é a busca da cura, a caminhada pelo melhor momento, etc. Eu fiz assim, MEU amigo.

(este post,hein amigo-sol...sei não... sei não!)
bj Toninha

Flávia Coelho disse...

Pois é..... este post a gente tinha que colocar numa moldura e pendurar na sala da mamãe, não é? Tem muita gente que brinca com esta porqueira e não pensa que pode ser mais um... e esta história a gente já conhece desde 1900 e poucos. Bjs

PC disse...

Minha é a busca pela cura.
Doido, Toninha!!!

PC disse...

Pendura em quem você ama, Flávia Coelho 5

Anônimo disse...

Noooooooooooo ! Adorei o post ! E... Obrigada ! Luana

Unknown disse...

Na caaaaaaara!!!

Flávia Coelho disse...

Uai , mas eu amo muito aquela turma ..... então vou pendurar uma porrada de cópias deste post

PC disse...

Dá um beijo na sua mãe, Luana

PC disse...

Eu também não acho a menor graça, Adriana.
Beijos

PC disse...

Boa idéia, Flávia5. Vai fazendo cópia e distribuindo!

Anônimo disse...

Ah ela ja leu , ja se emocionou ... E mostrou pro Serginho. Bacana demais este post !

PC disse...

Dá um beijo nela. Estamos rezando daqui.

Lucia disse...

Pois é, PC querido: Como também tem gente chata, triste e amargurada sem nem motivo para tanto. Sei lá. A família da minha mãe tinha 12 irmãs e um irmão, que era exatamente o 7º. Meu avô se chamava Leão, imagina o perigo que os namorados corriam. A maioria das irmãs se transformaram em mães abnegadas, cristãs, costureiras o padrão da época. Minha mãe não! Fêz supletivo até o 2º grau. Estudou até italiano! Foi durante 10 anos artesã na Feira da Praça da Liberdade; Junto com meu pai, participava de um grupo de seresteiros e ainda era atriz principal do Grupo Fonte de Vida do Sesc. Há 10 anos o Alzheimer tirou isso tudo dela, de nós e do meu pai. Mas ela é tão especial, que aos seus 80 anos e o corpo detonado não toma nada intravenoso, se alimenta normalmente a coisa mais linda do mundo e faz festa pra gente. Os olhos exprimem tanta vida que a gente fica feliz, porque ela ainda tá ali. A gente sabe. Então, PC, diante de tanto exemplo bacana, gente lutando, vc é assim diferente. O que acho lindo é a sua contribuição. É a generosidade em repartir, ajudar e se voltar para o outro. Afinal, a gente tá aqui é pra cair na lama mesmo e o jeito de rolar nela, sair ou ficar é que faz toda a diferença. Então, meu querido, meus votos são seus e do Chico Xavier, quem eu tanto admiro, seja até em terceiro turno.
bjs, te amo.

PC disse...

Beijos pra nós todos, Lúcia.
Beija sua mãe

Unknown disse...

Lá se vão mais de 4 anos, mas a sua história permanece viva.
Parabéns, PC, onde quer que você esteja.
Vão-se as pessoas, mas as suas almas, ficam.