domingo, 13 de junho de 2010

Futuro Profissional - 83


Eu fico falando que não mas, por mais que eu tente, fico sempre preocupado com o ofício dos meus filhos.  Tento não me meter (muito) mas o coração sempre sofre um apertozinho com as escolhas deles.
Quando Diogo resolveu fazer Relações Públicas, por exemplo, eu chorei.  Quando a turma dele me elegeu pra patrono, parei o discurso no meio várias vezes por causa do choro, de novo.

Mas é que nem o pai da Rijane, minha linda, falou uma vez, sobre a altivez e a autonomia da menina:
-   Eu só ensinei ela a voar.  O voo dela não me pertence.
Por mais que a gente tente não interferir, acaba deixando, nas entrelinhas, o desejo que, no fundo, nos inspira.  Mas sempre respeitando o limite, sabendo que quem decide são eles.

Pelo que eu ando vendo, o futuro profissional do Tomás já está desenhado.  Ou ele vai ser veterinário, jockey ou peão, protegido de Santo Antônio Pequenino, amansador de burro bravo, .

Outro dia Gêisa saiu com Carol pra comprar um tênis novo pra ele ir num aniversário de um colega da escolinha.  Saiu da loja com uma botina gomeira, preta, linda, que ele não tira do pé nem pra dormir.

Tomás só anda pela casa trotando, montado em cavalos imaginários, todos fogosos e ariscos, mas que ele mantém firme na rédea, sob o mais rigoroso controle.  Monta numa vassoura e, de repente, se joga no chão, me alertando:
-  Vô, chega pra lá que este aí é bravo.

Recentemente Tomás andava com um cavalo excepcionalmente bravo.  Mas bravo pra danar. 
De vassoura, claro.  O cavalo era um corisco de nervoso.
De repente, saiu correndo pela casa, gritando:
- Calma, Maurilo. Devagar, Maurilo. Quieto, Maurilo.
Como estava fazendo um frio de incomodar pinguim, Tomás pediu meu cachecol e deu pro Maurilo comer.  Queria que ele comesse uma coisa bem quentinha, pra esquentar.
Depois, levou o cavalo pra dormir no quarto dele.
    
Mó homenagem, eu achei...

Pra quem não conhece ele ainda, Maurilo é o homem do Pastelzinho e tinha acabado de lançar o “Todas as estrelas do mundo” e o “Estranhas histórias[1].  Eles devem ter se visto na porta do Clic, onde a Sophia também estuda.  Tomás, claro, se encantou com a figura.




[1] Saiu agora na Bienal do Livro, editado pela Argumentum.  Pra quem tem filho pequeno, é o maior adianto.
Já tentei fazer Tomás dormir umas três vezes com os livrinhos.  Mas ele fica siderado pelas ilustrações do Rogério Fernandes e interrompe minha locução de “...Senta que lá vem uma história!” o tempo todo.
Demora pra dormir mas fica mais tempo abraçadinho comigo.

14 comentários:

Rosana disse...

Estar com vc, Marcelo e JRonaldo no lançamento do livro foi um momento surreal...Cada um se superando a sua maneira e, para mim, quase impossivel de se imaginar... Mas vc, com suas estórias (que devorei como almoço de domingo)me deixou assim:... num sei, sabe como????
Amo todos vocês!Vocês trouxeram VIDA a minha existência! Obrigada!

PC disse...

Um amigo nosso fala que Marcelo era sol o que faltava na minha vida.
É ou não é!?
A história com ele que me emociona mais é a do Patrono do Valente, São José.

Gil disse...

Deve haver algum problema familiar aí... o Rodrigo, quando pequeno, falava que queria ser "guarda montado do jardim zoológico", lembra? Guarda - porque tinha algo de militar... Montado - porque tinha a ver com cavalo... Jardim Zoológico - porque tinha a ver com muitos animais... e acabou fazendo Relações Internacionais, trabalhando em uma empresa de reflorestamento e agora "dando uma raquetadas" na fazenda do sogrão... veja realmente que sobre os vôos, às vezes nem o pássaro tem controle, o que dirá nós???

PC disse...

Mas ele melhorou muito.
Da próxima viagem, vou comprar um chapéu daqueles canadenses de presente.

O pai de Azeitona disse...

hahahahaha Boa tio Beto! Somente uma correção: "Polícia Militar (por causa do Exército) Montada do Jardim Zoológico". Assim que abrir o próximo edital, me inscrevo!

PC disse...

Faz isso não, Digo.
E quem vai cuidar dos créditos de carbono?

Anônimo disse...

Pegando carona na viajem,gostaria de ser o Lucas o Big Fil e cia,sair por ai num Rosilhomourocarapreta(assim mesmo,junto) e galooooopar,tipo Tuareg(é assim que escreve?)sabe.Diga pro Tomás que estou provedenciando uma "matriz" prá ele ir nesta viajem jajá,em tempo.Ah,e trocando uma idéia,né Diogo?
Sergio

P.S."Stone" tá Cesão,conserta lá,não seja hereje.Now

PC disse...

tomás viaja comigo de tapete voador.
Vou arrumar um dos grandes, pra caber os Rosilhomourocarapreta de todo mundo.

Sobre a heresia: no livro o autor se referencia ao Muddy Water, e não ao grupo. Mas já troquei.

Renata Feldman disse...

Ai, PC, esse seu neto é uma doce e encantadora figurinha!... Já adianto que a Bella é um ótimo partido prum futuro bem longínquo, viu?
Adorei a metáfora do vôo, linda.
Compartilho do encantamento pelos livros do Pocotó Maurilo, sou fã dele também!
Fiquei pesarosa de não ter ido ao lançamento do Marcelo, vou comprar o livro e te mandar pra você cantar um autógrafo pra mim, viu? Seu e dele!
Beijos carinhosos

PC disse...

Fiz o maior sucesso.
Comprei uma caneta dourada, quase um pincel atômico, e gastava umas três páginas, pra dar meu autógrafo todo.
Fiquei me achando.

Agora, com relação à Bella, Tomás tá dentro.

Lucia disse...

Imagino a caneta discreta, comum e pequena que vc comprou!Tô esperando o meu autógrafo de 3 páginas. Nossa..tá passando um carro de boi agora aqui na rua...ai meu deus,onde estou?!?!?! Brasillllll...
P.S.: não morram de inveja!interior tem desvantagens também!
bjs.

PC disse...

Júlia vem cá em casa pra pegar o autógrafo.
Se eu fosse você, Lúcia, eu vinha ver o jogo aqui em casa.
Beijos

redatozim disse...

Sabe de uma coisa? Eu li o post na época q vc mandou o texto e até coloquei no pastelzinho. Não ia comentar, mas tenho que agradecer in loco. Valeu, PC. Ah, o livro do amigo eu tenho que comprar, mas anda faltando tempo.

PC disse...

Na verdade, foi lendo lá que eu descobri que dava um bom post.
Transmita ao Rogério minha gratidão pelas perguntas do Tomás:
- Mas a baleia é amiga?