domingo, 15 de novembro de 2009

Dia D - 11


Dia primeiro de setembro, 05:30 da madrugada. Toca o despertador e corro pro chuveiro. Eu tinha que estar no Hospital Luxemburgo dali a uma hora.

Não fazia idéia que aquele ia ser o último banho decente que eu ia tomar nos próximos 3 meses.
Soubesse eu da dor de cabeça que o cateter me geraria pra entrar no chuveiro, acho que até toparia acordar meia hora ainda mais cedo, só pra deixar a água ficar gostosamente me acariciando, cálida.

Mas aí, começou a trava. Ao contrário do que acontece toda manhã, minha visita ao banheiro foi, se é que você me entende, infrutífera. Nada!!!
Paciência. Depois eu completo o serviço...

Lisa tinha dormido conosco, solidária. Diogo, para garantir que Tomás seguisse sua rotina diária na escola, acompanhava, agoniado, de longe. Pela primeira vez na vida, todo mundo estava na mesa do café às 06:00 da manhã. Saímos de casa, todo mundo com um sorriso amarelo, a tempo de chegar na hora no hospital. O trânsito fluindo rápido, já que ninguém se levantava àquela hora da manhã.

Chegando lá, a única coisa capaz de me fazer rir feliz, naquela hora.
Du, meu amigo claustrofóbico da história de agosto, me esperava na porta. Tinha acordado ainda mais cedo que eu, só pra me dar apoio na minha entrada no hospital. Ficamos lá, rindo da nossa angústia, rezando, cada um à sua maneira pra dar tudo certo, enquanto não chegava a hora de eu ser encaminhado ao bloco cirúrgico.

Pra completar, aquele serviço incompleto, citado há uns três parágrafos aí pra cima, começou a dar sinais, piscando, de que tinha resolvido aparecer. Aí, corri até o banheiro do hospital e a coisa rolou. Saí de lá com a cara mais de inocente que eu consegui, vestindo já a roupa pra entrar na sala de cirurgia, deixando para trás um pedaço de mim.
Despedi de todo mundo, consegui controlar maldisfarçadamente o choro e deitei na maca, para que Igor, um negão simpaticíssimo de quase dois metros de altura, me encaminhasse até a sala de cirurgia, onde encontrei com meu primo Xande, o urologista que comandaria a intervenção. Xande, delicado, me avivou a memória, me livrando de uma pequena saia justa. Percebendo que eu olhava pro anestesista com cara de te conheço de algum lugar, Xande, um diplomata, brincou comigo, chamando a atenção para seu companheiro de equipe. Xande falou:
- Olha o Dimas aí, Paulinho.
Aí a cara de Dimas me voltou a ser familiar. Era o médico que fez a consulta pré-operatória comigo e com Gêisa e havia se colocado à disposição pra qualquer dúvida que a gente tivesse. Qualquer, havia ele ressaltado. E conduziu a coisa com tanta leveza que eu tive a oportunidade de tirar todas as dúvidas que eu tinha sobre o que me esperava.

Foi a última coisa que eu me lembro. Meus olhos se fecharam e, pelas notícias que me deram, devo ter ficado umas oito a nove horas entregue aos cuidados daquela equipe.

7 comentários:

Mídia na Rede disse...

Quero que chegue aos dias de hoje nessa espécie de diário. Tô curiosa pra saber o que pensa daquilo que acontece com você hoje.

Beijos

Mídia na Rede disse...

Desculpe, Mídia na Rede é o nome temporário do meu e-mail por causa de um trabalho da pós.
Então, quem escreveu fui eu, Adriana, sua sobrinha.

Beijos de novo.

Ciça disse...

Pronto PC, li seu blog... Todinho em uma sentada só!
Tava aqui fechando as janelas abertas sem necessida qdo vi que uma das era "a saga do valente PC"!!!
Não posso deixar de postar aqui, já que te critico em relação a isso, que cerca de 99,9% dos capítulos me emocionaram e encheram meus olhos de lágrimas... Graças a Deus vc não acordou a tempo de me ver!
Beijos amorosos
Ciça

PC disse...

Minha doce mídia na rede,

Levei um susto danado. Achei que eu era pauta do Fantástico

PC disse...

Ciça,

Fui eu quem ficou emocionado agora...

vivi disse...

so uma coisa..... i love you

PC disse...

Só outra coisa... moi aussi, je t'adors!!!