quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Surdo Oralizado


A primeira vez que Boni falou comigo de Sociedade Inclusiva, nem entendi direito do que se tratava.  Nada mais razoável.  Afinal, eu já sou incluído desde pequenininho.  Mas outro dia apareceu, nas redes sociais, um movimento por causa da falta de acessibilidade em bancos para Surdos Oralizados (e não oralizados). Os bancos exigem que os surdos comprem um aparelho especial caríssimo, que só tem a função de ligar pra outro aparelho especial. Ninguém tem esse aparelho! Então, vários serviços bancários continuam inacessíveis! Isso é uma injustiça, em tempos que se fala de acessibilidade universal.

À época, a idéia era fazer um panelaço.  Por que o panelaço? Porque os bancos brasileiros acham que acessibilidade é nos dizer: ligue para o 0800 de deficientes auditivos e fale através dele. Acontece que esse 0800 é uma enganação. Requer que a pessoa possua um telefone especial TDD que ninguém quase tem, porque se trata de uma ‘tecnologia’ totalmente obsoleta. Nos dias de hoje, chega a ser uma piada pedir que um surdo oralizado (que se comunica oralmente e não utiliza Língua de sinais) tenha um TDD em casa.
Os bancos necessitam urgentemente de gerentes capacitados para lidar com clientes com deficiência auditiva.  É muito fácil mandar ligar para o 0800.  Mas e como fazer?  Pedir para um parente ou amigo fingir que é a pessoa surda ao telefone?  Isto é fraude, além de nunca dar certo.

Mas parece que a coisa está mudando.  Claudinho Ferreira, meu personal communications engineer, manda notícias.  É que uma parceria entre o Inatel e a Secretaria de Ciência e Tecnologia de Minas vai possibilitar o desenvolvimento de equipamentos para atender pessoas com diferentes tipos de deficiência.  O projeto passa pelo desenvolvimento e fabricação de instrumentos tecnológicos que assegurem autonomia e independência a pessoas com deficiência.  Acabou gerando o Centro de Transferência de Tecnologia Assistiva (CDTTA), inaugurado no começo de agosto em Santa Rita do Sapucaí[1].

O foco é a aposta na melhoria de qualidade de vida aos deficientes. O Centro é resultado de parceria com o Inatel – Instituto Nacional de Telecomunicações, com sede naquela cidade. Terra de gente doida.  O Vale do Silício de Minas Gerais.

O Centro estará integrado às ações já desenvolvidas pela área de engenharia biomédica do Inatel. Com a experiência acumulada de ser uma das seis instituições de ensino no Brasil que oferece o curso de graduação em Engenharia Biomédica, o Instituto vem desenvolvendo inovações desde 2003.  Não tenho dúvidas que isto vai resultar em melhoria e inclusão na vida de um tanto de gente.

Manda notícias sempre, Claudinho. 



[1] Por coincidência, foi lá em Santa Rita que est’A Saga começou.  

2 comentários:

Cláudio Ferreira disse...

Cesão,
temos Santa Rita em comum e tudo que é desenvolvido no vale da eletrônica eu assino em baixo.

Grande abraço.

PC disse...

Fora isto, eu fiquei, MESMO, apaixonado com o povo quando deu aula no Inatel, Claudinho.
A gente precisava de mais loucas igual Dona Sinhá Moreira, que começou a Escola Técnica...