quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Respeito - 120



Encontrei com Inezinha, depois de trocentos anos desaparecida da minha vida.  E como patologista, a primeira pergunta dela foi como tinha sido este meu câncer.

Fiquei olhando pra ela, meio sem saber como responder.  Lembrei de Guguta falando comigo que eu trato do câncer como uma unha encravada, fiquei lembrando da Toninha me proibindo de falar “meu câncer”.  Que minha mesmo é a disposição de buscar a cura.  Fiquei pensando no tanto que Cecília, minha bruxinha, me ajudou a exercitar mais a compaixão e o perdão.

E me ocorreu, folheando os meus escritos, que eu nunca tinha falado aqui sobre o diagnóstico que me foi apresentado, depois da operação. Neste tempo todo, eu guardei uma respeitosa distância da doença.  Mas, é bom deixar claro, eu nunca deixei de considerar o poder do estrago que ela podia me causar.

Mandei pra Inezinha um bilhete com a história que eu não soube responder.  Foi assim:

Vamos lá:
- Dr. Alexandre Menezes, meu uro, me operou de um adenocarcinoma renal esquerdo com invasão da veia cava associado a hipoplaseia renal direita. Fui submetido a nefrectomia radical esquerda, linfacenectomia retroperitonial e trombectomia da veia cava.
- Encontro-me em tratamento para adenocarcinoma renal estádio T4NOMx
- A veia renal mede 4,5x0,7 cm e revela acometimento de sua parede e sua luz pela lesão. A massa apresenta coloração amarelada, tem aspecto grosseiramente nodular e ultrapassa a cápsula renal.
- O tecido peri-hilar foi dissecado, se encontrando 05 linfonodos.
- Tipo de neoplasia: carcinoma de células renais convencional
- Grau nuclear (Furhman): grau 3
- Componente sarcomatoso: presente, focal
- Necrose: presente
- Invasão da cápsula e da gordura perirenal: presente
- Comprometimento de linfonodos: metástase em 03 de 05 linfonodos dissecados
Diagnóstico: CARCINOMA DE CÉLULAS RENAIS

Tá bom. E você queria que eu lembrasse disto?

Mas o que eu gosto mais é desta história:
http://asagadevalente.blogspot.com/2010/08/edicao-extraordinaria-21-im-impressed.html

Beijos

Esqueci de falar com ela sobre os 4 meses de Sutent, que devem ter tido um papel e tanto neste enredo.
Agora, só entre nós dois.  Não entendo grande coisa disto.  Mas senti um grande prazer em ter posto isto pra fora.

PS:  Louise, agora me explica what the f#@* é isto aqui em cima.

10 comentários:

vivi disse...

que????

PC disse...

É isto que eu tive, vive.
Me dei conta, quando eu fui falar com minha amiga, que eu nunca havia falado do diagnósttico.
Pronto.
Falei.

rosana disse...

Se não fosse terrível, eu diria que era chiquérrimo, tal o número de palavras diferentes, chiques e incompreensíveis ao ser humano menos letrado...rs..

maria antonia disse...

Moço amigo, este palavrório existe pra isto mesmo : diagnosticar e apontar onde será a nossa 'chance de ataque'. Passei por algo semelhante, com menos palavrório. E por isto mesmo, Paulinho, repito que pronome possessivo só no que te lançar pra alegria : 'minha garra, minha cura, minha luta, minha vitória'... e por aí vai. Grande abraço. Toninha

PC disse...

Pois é, Rosana.
Depois que eu falei com Inezinha, falei com minhas dobrinhas:
Não entendi blicas.
Mas a filha dela, patologista das bacanas também, me deu uma tradução mais compreensível

PC disse...

Toninha, toda vez, agora, que me falam sobre a minha doença eu corrijo, igual você me ensinou.
Beijos

Mariza disse...

Oi PC,
Odeio resultados de exames, diagnósticos médicos e etc.
Pula esta parte, por favor.
Eu gosto mesmo é de uma boa receita e um belo de um causo. Se for engraçado então...rarará.
Adorei encontrar suas meninas, no casamento do Daniel,elas muito são muito lindinhas.
Beijinho

PC disse...

Inezinha me ajudou a não ter mais medo do diagnóstico, Marizoca

Renata Feldman disse...

PC, você é DEMAIS!!!
Te adoro!
Abração!

PC disse...

Imagina,..
Sou só mais ou menos.

Tá bom, fico me achando, com você falando isto!