quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Home sweet home - 42




Gêisa cedeu tudo.
Menos o lugar dela, de frente pra televisão.
O que faz um certo sentido. Afinal, ver televisão na cama com minha monumental barriga na frente é exigir muito daquela mulher que fazia tudo por mim.
Mas, no frigir dos ovos, eu cheguei em casa e nada tinha mudado.

Mentira.

Mudou tudo. Mudou o jeito de dormir, mudou o jeito de comer, mudou o jeito de trabalhar, mudou o jeito de ser olhado por todo mundo.
O troço deu um certo medo, rapá...

Parece brincadeira, mas olha só. Levantar da cama, com cateter, é tora. Um, porque dói pra cacete. E outro é que, antes mesmo de doer, neguinho fica assustado, porque vai doer. Acho que era isto o que mais me incomodava. Que nem no dentista, você tem certeza que vai doer.

Mudou inclusive o padrão das minhas visitas. Minha primeira visita foi a médica do INSS. Eu acabei de chegar em casa, ela me liga. Tinha ido pro hospital. Queria fazer a auditoria.
Acho que a gente se cruzou na portaria. Eu saindo, ela chegando...

A auditora era séria feito o capeta. Ligou pra mim perguntando se podia passar em casa. A pergunta fazia sentido. Era sábado, oito da noite. Que funcionário público ia fazer questão de trabalhar àquela hora?
Mas aí a auditoria foi rápida.
Era só abrir o roupão e estava lá o registro da retirada do rim.

Pronto. A partir de agora, minha vida já ia tomando o curso normal. Ou pelo menos, o que mais parecia de normal, naquelas condições.

4 comentários:

Adriana disse...

Acho que tomar o rumo normal é uma coisa boa, né?
Tem horas que o normal é bom. Dá segurança!!!

E vai normalizar ainda mais...

Beijos

PC disse...

Estou adorando isto, Adriana.

Emilia Osorio disse...

nada como Home Sweet Home!!!
Saudade!!!

PC disse...

Principalmente comparado com um quarto de hospital, Omília...
Home é demais!!!
Uhuuuuuuuuuuuuuu