sábado, 21 de abril de 2012

Meus chefes


Tive 5 chefes na vida que meio que forjaram minha história.  Talvez, olhando minha carteira de trabalho, eu tenha tido mais que cinco.  Mas estes foram responsáveis por me ensinar que valia a pena correr riscos[1].

Primeiro foi Almir.  Era colega meu de faculdade e me elegeu, a mim e ao Bictor[2] Lemelle, como estagiários.  Almir dava total autonomia pra gente durante a semana e nos reunia, no sábado, pra “sessão de esporro”.  Ali ele fazia as correções de rota e eu aprendia o sentido da metodologia.

Depois foi Alberico.  Reuniu uma horda de meninos e nos ensinou ousadia.  Era um troço tão endêmico, o atrevimento, que as relações que compartilhei nesta época permanecem comigo até hoje, passados mais de 35 anos.  Foi com Alberico que eu fiz minha primeira cagada profissional, quando ele me designou, incógnito, pra fazer uma auditoria de opinião em Governador Valadares.  Um dia depois da minha chegada, Oswaldo Alcântara tratou meu assunto em matéria de primeira página no Diário do Rio Doce. 
Incógnito...  Sei!

Dali, veio Emerson, que chamava a gente pra compartilhar de um sonho.  Qualquer pessoa sensata diria que era delírio.  Mas, pra gente, o sonho era tão concreto quanto um prato de comida..
Vamos pra França?  Fazer o que, professor?  Não sei.  Morar onde, professor?  Não sei.  Ganhar quanto, professor?  Não sei.  Estudar o que, professor?  O que você quiser.
Bora conquistar esta França.  E logo...
Era pra eu ter estudado Controle de Gestão.  Enlouqueci com Educação de Adultos e Gestão Social.

O próximo desafio foi com Fabiano.  A gente tinha que modernizar uma estrutura familiar centenária.  E mudar remando contra a correnteza.  Tinha que fazer a mudança mas era como se a gente não fosse bem vindo ali.  Foi o primeiro plano de marketing consistente que eu fiz e, durante quatro anos, cuidei pra fazer dele um projeto rotineiro na organização.  Trabalho de formiguinha...

De Camilo eu ouvi uma das frases mais importantes da minha vida, que efetivamente refletiam o projeto em que nos metemos:
-  Gordinho, a gente só vai brigar se você errar duas vezes do mesmo jeito.
E lá fomos nós, ombro a ombro, ele, Massara e eu, comprar uma briga com uma estrutura pra lá de arcaica.

Até hoje eu tenho vontade de mandar meu currículo pra esses caras.  Sou muito grato a eles e acho que foi por causa da relação que tive que eu fui crescendo. Com eles, eu topo comprar qualquer briga, independente da organização onde a gente estiver.  Acho mesmo que foram eles que me ensinaram a conviver com o pânico que o câncer trazia com ele, quando chegou.  Mas aí, eu já tinha aprendido a me relacionar com o perigo e a reagir a ele.

Isto ficou uma coisa tão forte em mim que um deles, acho que Camilo, adorava pegar no meu pé, dizendo que eu era de patota.  Mas acho que era mesmo.  Aprendi que a única coisa que vale a pena na vida é sonhar e correr risco com as pessoas que compartilham projetos com a gente.

[1]  É possível até que isto não seja lá tão elogioso pra eles, coitados...

[2]  Desculpe pela grafia.  É que ele agora mora no Pais Basco e esqueceu como se fala a letra V.  
  

Acione a versão em português, se você preferir.

4 comentários:

Cláudio Ferreira disse...

Cesão,
tive também ótimos chefes e outros nem tanto. O bom disto tudo é poder tirar proveito das duas experiências.
Grande Abraço.

PC disse...

Pior, Claudinho, é que os "nem tanto" eu fiquei tentando lembrar deles e, nem tanto...
Por isto que eu adoro este vídeo.
Lembrei só dos caras que não tinham medo de quando dava errado.

shikida disse...

esse post é melhor que muito MBA ;-)

PC disse...

Boa idéia, Léo.
Vou fazer um sobre meus alunos preferidos qualquer dia.
Beijo