quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Cerimonial - 177



Desde quando eu tive a notícia do tumor, brigava feito um leão sobre um jeito certo de falar comigo.
Ainda outro dia, Fernando Lara, com sua ironia incomparável, me perguntava qual seria a liturgia adequada pra fazer frente à minha antipatia.  De que maneira se podia conversar comigo, quando fosse me visitar?
Eu, da minha parte, sempre admiti que eu era (meio) chato, apesar do povo aqui de casa me descer o bambu neste quesito.

Passados quase dois anos, a lsto É desta semana aparece com matéria falando sobre “O que não dizer a um doente”.  Eles tratam, na revista, justamente da ansiedade das pessoas que, sem saber o que dizer, se apegam a dejà vus que, a mim, pareciam infelizes e me deixavam uma arara.

Aliás, até hoje eu fico me roendo quando, em um almoço, a pessoa pergunta pra alguém aqui de casa, que comida eu posso ou não posso comer.
Pergunta pra mim logo, cacete...
Fico lembrando do Geraldo Magela, o Ceguinho, rindo de quem grita com ele, bem pertinho do ouvido.
Ele responde, gritando também:
-  Eu sou é cego.  Não sou surdo não!



Por isto é que eu falo logo que, se precisar ajuda, eu peço.  É possível que, pelo tanto que meu nariz é arrebitado, eu até prefira não pedir ajuda.  Mas daí a você querer decidir por mim se eu vou de taxi ou se você vai me dar carona no seu carro (por exemplo) é uma diferença gigantesca.

É nessas horas que, rabugento incomparável, aí eu pirraço mesmo.  Não há mula empacada que ganhe de mim nestas horas ...
Meus meninos, então, só olham pra cima, pedindo a Deus um pouco mais de paciência pra ajudar a suportar este pai deles.

De qualquer forma, enquanto eu arrumo um jeito de me adaptar à ansiedade de meus interlocutores, vai lendo a matéria da Isto É.  Vai te ajudar muito quando você se encontrar comigo ou dedicar um pouco do seu tempo a doentes amigos seus. 





9 comentários:

Flavia Coelho disse...

Aqui bacana, já tá meio na hora de vc tentar melhorar isso tb..... fica só falando sou assim, sou assado e não muda nada...... tá até parecendo uma dona que eu conheço, muito católica que toda hora fala que é muito orgulhoso e até hj só continua sendo MUITO orgulhosa..... prontofaleibjsnaoliganao.

PC disse...

Eu sou só um velho rabugento, Flávia.
Na minha idade, a gente pode tudo...
Ela, então, nem se fala.

Katinha disse...

Ih, pintou o maior déjà vu: "É nessas horas que, rabugento incomparável, aí eu pirraço mesmo". Paulinho, não sou muito favorável a receitas para abordagens, encontros, carinhos etc. Deixa rolar, se incomodar dê seu toque. Humor e sagacidade não te faltam, né mesmo? Beijos, Katinha.

PC disse...

ps: Fora que não tem o menor critério. Quando fui ver o Saturnino, minha mulher só se despreocupou porque eu fui com o Luiz Márcio.
Quer dizer, a barra mais pesada de Belo Horizonte, Lucho e Munguba, e ela achando que está tudo bem...

PC disse...

É que o povo, até hoje, quer me carregar no colo, katinha.
Acho que fico com crise de adolescência...

Era pra ter saído antes do ps,,,

Anônimo disse...

vou parar de ler seu blog.
ow, dona flaviacoelho tá certinha, como nunca na estória deste paíz, vai ser (meio)chato e rabugento assim lá... no seu sitio, sô !!!!
Haja paciência!!! Prontofaleitb!!!
No coments more
Ainda bem que sou mais novo q vc e não quero envelhecer só pra poder dizer q posso tudo!! Ora!!!!!!!!!!

PC disse...

É porque eu bebi demais, não consigo me lembrar sequer, qual é o nome daquela mulher, Diamantino.

Dudu disse...

Velho rabungento, sim. Para cacete.
Mas vai trepar no morro qualquer dias desses, falando só de passarinho, de mato, da nascente lá de cima, e do encanamento cumprido que vai ter que fazer até chegar na casa do "Meu Sítio" seu........

PC disse...

Quer saber?
Desisti de você, Dudu.
Enche minha boca dágua e depois roe a corda...