quinta-feira, 22 de abril de 2010

Há um tempo... - 65




De tudo que eu aprendi na vida, o que eu prezo mais é o fato de, em se prestando atenção, lendo direito as coisas, a gente sempre tirar uma lição com o que acontece conosco.

Quando nós começamos a construir a casa do Meu Sítio, recebemos, por acaso, a visita de Marie-Jo e de Hyacinthe de Montera, que estudaram comigo em Jouy-en-Josas.  Eles vieram ao Brasil pra nada.  Só pra estar conosco.  Passamos duas semanas rindo.

Um final de semana eles foram conosco pra acompanhar o trabalho dos pedreiros.  Olhando a confusão, Hyacinthe falou, meio que com preguiça:
-  Vous en aurez pour longtemps!
O sentido da frase é de que a gente ainda teria muito trabalho, pra deixar aquilo um lugar legal.
Hoje, quando eu olho pro Meu Sítio, vejo só que ele está maravilhoso.  Nem penso no trabalhão que ele deu (e de vez em quando dá) pra mim e pra Gêisa.

Quase sempre, no começo das chuvas de novembro, a água da piscina ficava incrivelmente turva.  A gente sempre achou que a virada de temperatura gerava a proliferação de algas.  Gastei algumas garrafas de algicida até aprender que é a água da enxurrada que cai na cisterna e derruba a bomba, que passa a levar água e barro para a caixa dágua.  Agora, turvou, é só reparar a altura da bomba e lá está a água, cristalina de novo.

Cada latido dos cachorros indica uma coisa diferente.  Na maior parte do tempo, são um sinal de, macho ou fêmea, disputa da posição alfa do canil.  Foi com eles que eu aprendi, à medida que cresciam, a entender os recados que os meninos me davam, buscando mais autonomia na vida.
Aliás, entendi o que, dia destes, a mãe de Sharon nos dizia, no Instituto:
-  Filho a gente nutre, ensina e dá um par de asas!

Aí aprende como a natureza cresce e, cuidando, se regenera.  Aprende, vendo os canarinhos ocupando o ninho que um dia foi do João de Barro.  Aprende quando, no caminho, Tomás pergunta pra Lua se ela vai estar no Meu Sítio, quando a gente chegar.

Neste percurso, fico muito satisfeito de ter plantado tanto para colher agora.


14 comentários:

Unknown disse...

Que bom que a gente planta, né?
Sem querer, muitas das vezes, mas planta.

E, curta bastante sua colheita!!!

Beijos

PC disse...

Tem coisa lá que foi você que plantou, Aninha

Gil disse...

e o melhor é quando a gente entende que nada daquilo é de nossa propriedade, somos apenas "fiéis depositários". muito bom ! fica mais leve e mais agradável ! tenho que tomar conta de dúzias de ipês brancos e amarelos lá na roça - sem nenhum trabalho - só o de contemplar - depois mando fotos.

Unknown disse...

êitcha que saudade daquilo tudo lá....
dona Gêisa no comando, o Diogo zoneando e você vigiando...

PC disse...

É, de longe, o que eu mais gosto, Gil.
Contemplar!

PC disse...

E agora o quarto que era do Diogo é do Tomás e dos amiguinhos dele, Limão.
Parece que vocês vão ganhar o primeiro kit abadá, com direito a berço, fralda e mamadeira quentinha.

Tamos esperando. Mas venha em novembro que a sua jaboticabeira está dando fruto.

Unknown disse...

PC, a Lud abriu o berreiro quando eu lí o seu texto, o meu comentário e a delicadeza de sua resposta. E manda um beijo grande!

PC disse...

É esta menina que devia ser a meLINDROSA, Limão.
E, por falar nisto, quando a Carol fala de mim com o Diogo, diz que eu sou muito melindroso.
Este menino tem ou não tem motivo pra ser meu neto?
Beijos

Emilia Osorio disse...

Saudade de voces todos!!!! Oh familia que amo muito!!!
Meio do ano estou ai para matar saudade e quem sabe ir la no sitio levar o Lucas para brincar com o Tomas!?

PC disse...

Tomás vai combinar com a Lua pra ela receber o Lucca, Emíllia.

Emilia Osorio disse...

QUe lindo isso!!! O Lucas vai amar!!!

PC disse...

Eu tenho que aprender, Emília, como funciona aí.
Hoje aqui está uma lua cheia linda.
Só pro Tomás não conversar com ela no dia errado.

Anônimo disse...

Li ontem e resolvi voltar aqui hoje , que lindo texto Cesao ...me emociono sempre que leio os posts, mesmo que seja pela quinta vez ! Ou mais kkk

PC disse...

Você resolve, anônimo.
Ou ri ou se emociono.
Pensando bem, eu também faço os dois, quando leio esta história.

Beijos