Quando eu comecei a almoçar na hemo, a decisão foi puramente
operacional. Era muito mais cômodo pra mim resolver a preocupação do
povo lá de casa com essa coisa de fazer pratos especiais que não fizessem mal
pra minha nova condição de paciente renal crônico. Eu já chegava em casa almoçado e assim era só
sentar na mesa pra bater papo[1],
Eu ficava meio histérico, fugindo do sal feito um
maluco.
De um lado, Ives, personal
chef dest’A Saga, vive inventando moda pra nós. Já fez caldo de costela,
Salada Caesar,
tudo temperado rigorosamente dentro dos parâmetros nefrológicos.
E do outro lado, o esforço do povo daqui de casa em não
deixar que o sabor fosse embora, inventando temperos que acabavam fazendo minha
comida ficar maravilhosa.
Comer na hemo tem um inconveniente: a comida é muito
feia. Vem em uma marmita amontoada, sem a menor preocupação
estética. Uma paçoca só. Mas com
um efeito colateral que compensa tudo.
Zero de sal, a comida elimina, na raiz, qualquer vontade de beber
água. Passo a tarde toda sem lembrar de beber água.
E acabou que eu fui tomando gosto pela coisa. E a
achar muito melhor comer lá que em algum outro restaurante, desses de onde eu
saio com a boca seca, morrendo de sede durante toda a tarde.
Esses dias, no facebook da Inezinha,
vi uma campanha do Ministério da Saúde estimulando a redução do consumo de sal.
O mais comum pra mim é um caminho quase radical. Faço esta mistura que
eles recomendam, mas trocando esse pouquinho de sal por mais ervas.
Incluo cebolinha, alho desidratado, tomilho, cominho, chimichurri, e tudo de
tempero que eu acho. Já fiz até pra mandar pra uma amiga de São Paulo, a velha Sakana,
que ainda enfrentava dificuldades em abolir o sal da comida...
Recomendo vivamente que você experimente. Faça esta
receita recomendada pelo SUS, acrescente mais as ervas que você gostar (estas
minhas ou outras) e vai prestando atenção de onde você vai extraindo mais
sabor. Você vai aprender que tomate é tão doce que é quase sobremesa.
Hoje, na hora do almoço, é mais comum os meninos reclamarem
quando a comida está mais pra salgada que o contrário. Fora que os
temperos acabam perfumando a casa toda.
[1] Às vezes, pra eu derramar minhas implicâncias e
chaturas em quem estivesse à mesa...
ps: Indo a Gonçalves, aproveite pra se hospedar na Pousada Trem das Cores, do Cantidio
7 comentários:
Aloha! Adoooro o jeito que você escreve. Não canso de ler as histórias, que parecem sair de livros de contos de realismo fantástico, mas na verdade são crônicas da sua vida. Sensacional.
Também ingressei nessa de blog. Mas meu "escrivinhar" não é que nem o seu... mas tá valendo.
Se quiser me visitar
http://positividadecronica.blogspot.com.br/
Força sempre!
beijoabraço
Lanna
Lanna, adorei suas coisas.
Depois vamos trocando figurinhas.
Beijos.
Vou fazer este temperinho prá mim. Tenho o péssimo defeito de gostar de comida mais salgadinha.
O melhor é que a gente aprende o que significa sabor das coisas, Márcia.
O sal faz tudo ficar igual...
Lá no restaurante tem gente que antes de provar o prato, vão logo despejando sal a vontade. Mas tenho Clientes que comem totalmente sem sal e pimenta do reino e adoram a beleza do prato, os aromas, os ingredientes e lá no final, nem lembram do sal. Estes truques são mágicos e estamos, aos poucos, sumindo com os saleiros...
Não eh a toa que você eh meu chef preferido, Ives.
Ando achando o maior barato viajar, como você falou, na beleza do prato, nos aromas e nos ingredientes.
PCzinho, eu lhe enviei uma receitinha de peito de frango com molho de romã e, também, tínhamos falado em lançar uma campanha para coletar receitas zero sal, tá lembrado?
Estive na Caxuera, mas foi tanta correria que, pensei na possibilidade e até pedi ajuda para Sávio, de Paixão, mas acabei não tendo tempo de chegar ao Meu Sítio para tomar um café com prosa. Beijo procê.
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