sexta-feira, 4 de maio de 2012

Diamantina



Aproveitando o feriado do Dia do Trabalho, Tomás foi a Diamantina com o povo aqui de casa e acabei me lembrando de uma história que Léo, meu guru japa, me aplicou. É do livro Palavras Andantes, do Eduardo Galeano, que falei aqui algumas vezes.  Lembrei do pedacinho que fala assim:
“... Por favor, estou rogando, não me ofenda perguntando se esta história aconteceu.  Eu estou oferecendo-a para que o senhor faça dela o que melhor lhe aprouver.  Não lhe peço que o senhor descreva a chuva daquela noite da visitação do arcanjo:  exijo que o senhor me molhe.  Decida-se, senhor escritor, e pelo menos uma vez seja a flor que perfuma em vez de ser o cronista do aroma.  Escrever o que se vive é coisa de pouca ou nenhuma graça.  O desafio está em viver o que se escreve; e na sua idade já vai sendo hora de que o senhor fique sabendo. ...”


Pois é.  Definitivamente, a viagem que Tomás fez não foi a mesma que a família, que estava com ele o tempo todo, foi.  Um pouco, porque, a excitação de contar a história fazia dele eletricidade pura.  E muito, porque ele me puxou.  Ponto.


Começou a história contando a experiência dele no Leite ao Pé da Vaca de Curvelo[1], que foi mmmuito legal.  Diz ele que foi a parte mais legal da viagem[2].  E contava:  Começa com você colocando o banquinho assim, ó, pertinho da vaca, ó, enquanto ela fica assim, ó, e você vai fazendo assim, ó, com a mão.
Diz o povo que o leite jorrou mesmo na canequinha que deram pra ele.


Preocupado com a interação, Tomás tentava acordar o pai, coitado, devastado pelo tradicional churrasco de comemoração do ani-versário do Ginástico, que jazia, inerte, no chão.  O que fazia com que Tomás, aflito, repetisse a cada parte mais legal da história:
-  Pai, você tá perdendo...


Aí, teve um dia que foi mmmuito legal.  A parte mais legal da viagem.  Foram ver um caboclo bateando diamante e ouro.  Tomás voltou com uma sacolinha plástica repleta de pedregulhos, diamantes puros, segundo ele.  Despejou tudo no tapete da sala.
O cara pegava uma peneira de ferro, e fazia assim, ó, até aparecer o diamante.  E ele fazia assim, ó, e aparecia ouro também.


A vesperata também é mmmuito legal.  A parte mais legal da viagem.  Era uma quantidade de menino do meu tamanho, que cantava mmmuito bonito.
Sem contar com o hotel, que é mmmuito legal.  De longe, a parte mais legal da viagem.  Dormiu numa cama sozinho e tinha um café da manhã mmmuito legal.  A parte mais legal da viagem.


Tomás procurando diamante, com a companheira inseparável, 
a tal fita colorida no pulso
Domingo ele ligou pra mim antes de entrar numa gruta mmmuito legal que ele visitou.  A parte mais legal da viagem.  Logo na entrada eles colocaram uma fita colorida na mão dele, pra ele poder voltar.  Por isto que eu e o Tio Cris tivemos que colocar também, porque vai que a gente aparece em Diamantina e quer ir na gruta também?  Melhor deixar eu e Tio Cris com os punhos coloridos, mesmo sem nenhum plano de ir a Diamantina nos próximos dias meses.  É que, não sei se já falei com vocês, lá é mmmuito legal.  A parte mais legal da viagem, Diamantina...

[1]    Nos meus tempos de Cedro era do Dr. Guilherme Mascarenhas, o velhinho mais fantástico da família.  Não sei se hoje ainda é...


[2]    Tomás repetiu essa qualificação mais umas quatro ou cinco vezes.



5 comentários:

Mariza disse...

Este blog,Tomás e o Vô dele é mmmuito
legal.
Tem que sai o volume dois urgente...
As "laboriosas" não acha tempo para a
Net moço.
bjs

PC disse...

Que isto, moço.
Daqui a pouco tá saindo o quarto volume.
É a parte mais legal deste blog, os livros...

PC disse...

ps: Tava com saudades suas, moço.
Beija Zeca de Mariza.

Mariza disse...

Eu também.
Quantos que é o livro da Renata Feidman. Me fala, que eu quero comprar um "Amor em Pedaços" prá mim.
Legal o blog dela né?
Blog é melhor que feice. Pronto falei.
bjs.

PC disse...

Vou saber quarta no lançamento e te falo, moço.
Beijos