segunda-feira, 4 de junho de 2012

Circo




Quando Monica Sartori era nada além do que mulher do Mário Vale, uma vez me pediu que comprasse uma obra dela.  Duro de todo, não consegui fazer nada além de lamentar.  Com os olhos cheios dágua, ela me deu a gravura de presente.  O preço seria que eu pusesse na moldura.  Dizia que não agüentava mais a obra dela não estar exposta.
No dia, a gente acabou acertando o casamento de nossos filhos, Ciça e Luisinho, ou recém nascidos ou bebês de colo, não lembro direito.


De lá pra cá, Mônica virou artista respeitada, com obras expostas na Bienal de São Paulo e pelo mundo afora.  Amílcar de Castro costumava dizer que invejava o jeito livre, parecendo criança, que Mônica imprimia em suas obras.
O casamento dos meninos foi um fracasso.  Ciça virou um mulherão gigante desde os 13 anos e Luisinho mal e mal chegava nos ombros dela.  Os dois só se cumprimentavam de longe, envergonhados da peraltice dos pais.


Luisinho, desde a adolescência, cismou de ser mágico e mexer com malabares.  Fosse filho meu, já tinha cortado ele na cinta pra largar dessa bobagem e fazer logo uma faculdade de verdade.  Engenharia, Medicina ou mesmo Direito, que nem Mário Vale, que nunca pegou seu diploma.  Mas o menino nasceu com o pai e a mãe que são a cara dele.  Ou vice versa.  Foi trabalhar com o povo da Spazo Escola de Circo um tempo, pegou sua graduação em Belas Artes e foi pra Bélgica, na ESAC, estudar circo, depois de inocular no irmão Pedro o mesmo vírus.  Virou um mega artista multimídia.


De vez em quando vejo notícias dele.  Casado com uma finlandesa, vive pirulitando pelo mundo, se apresentando.  Deve ficar me jogando na cara.  Hoje pode estar em Paris, semana que vem em Tóquio, na outra em Londres, depois São Petersburgo.  Vive me esnobando pelo facebook.


E eu aqui pensando que foi sorte dos dois os pais que tiveram.


ps:  O vídeo lá de cima acho que foi o trabalho de conclusão de curso dele na Bélgica (do Luizinho).  O daqui debaixo, o do Pedrinho.





2 comentários:

Adriana disse...

E eu aqui pensando que todos temos sorte dos pais que temos... E ponto!

PC disse...

O bom eh assim, Adriana.
todo mundo feliz...