Diogo anda se derretendo por causa de Tomás. Qualquer coisa, o menino quer meu papai, minha mamãe. E, claro, me deixa me roendo de ciúmes. Quando Tomás está dormindo aqui em casa, sempre me pergunta:
- Cadê meu papai? E minha mamãe?Eu custo a me conter de vontade de dizer, bem alto, pro mundo ouvir:
- Ó eu aqui, menino. Quer mais o que?
No Meu Sítio, é a maior chatura. Qualque coisa que eu invente, Tomás me interrompe:
- É o meu papai que vai fazer isto, ele diz. Diogo, com uma crueldade infinda, olha pra mim, com um leve esgar lhe emoldurando a face (cínica, diga-se de passagem) e resmunga, de uma forma que só eu possa lhe ouvir:- Liga não, pai. O menino se relaciona mal com você...
E sai, às gargalhadas.
A vingança não é, de forma nenhuma, um sentimento digno. Mas confesso que gostei bem quando ela veio. Diogo estava passeando com Tomás na porta de casa, puro mel com o menino. E era eu te amo pra cá, papai te ama pra lá, e você é lindo, blábláblá quando Diogo arrisca:
- Você gosta da mamãe até onde, Tomás?Tomás pensa, regateia pra responder e acaba falando:
- Até o céu, papai.
No embalo, Diogo pega uma carona no momento e rebate:
- E do papai, lindo, você gosta até onde?Tomás segue a mesma liturgia, pensa e responde (espero eu que com a mesma cara de quando Diogo me sacaneia):
- Até o alto daquela árvore.
E ri, diante da cara de surpresa que o pai lhe faz.
Fico todo feliz quando vejo o Diogo brincando comigo, e agora o Tomás com ele, com a segurança de quem ama e se sabe amado.
Como a Jo me dizia, acho que eu fiz um great job.