Aproveitando o feriado do Dia do Trabalho, Tomás foi a Diamantina com o povo aqui de casa e acabei me lembrando de uma história que Léo, meu guru japa, me aplicou. É do livro Palavras Andantes, do Eduardo Galeano, que falei aqui algumas vezes. Lembrei do pedacinho que fala assim:
“... Por favor, estou rogando, não me ofenda perguntando se esta história aconteceu. Eu estou oferecendo-a para que o senhor faça dela o que melhor lhe aprouver. Não lhe peço que o senhor descreva a chuva daquela noite da visitação do arcanjo: exijo que o senhor me molhe. Decida-se, senhor escritor, e pelo menos uma vez seja a flor que perfuma em vez de ser o cronista do aroma. Escrever o que se vive é coisa de pouca ou nenhuma graça. O desafio está em viver o que se escreve; e na sua idade já vai sendo hora de que o senhor fique sabendo. ...”
Pois é. Definitivamente, a viagem que Tomás fez não foi a mesma que a família, que estava com ele o tempo todo, foi. Um pouco, porque, a excitação de contar a história fazia dele eletricidade pura. E muito, porque ele me puxou. Ponto.
Começou a história contando a experiência dele no Leite ao Pé da Vaca de Curvelo[1], que foi mmmuito legal. Diz ele que foi a parte mais legal da viagem[2]. E contava: Começa com você colocando o banquinho assim, ó, pertinho da vaca, ó, enquanto ela fica assim, ó, e você vai fazendo assim, ó, com a mão.
Diz o povo que o leite jorrou mesmo na canequinha que deram pra ele.
Preocupado com a interação, Tomás tentava acordar o pai, coitado, devastado pelo tradicional churrasco de comemoração do ani-versário do Ginástico, que jazia, inerte, no chão. O que fazia com que Tomás, aflito, repetisse a cada parte mais legal da história:
- Pai, você tá perdendo...
Aí, teve um dia que foi mmmuito legal. A parte mais legal da viagem. Foram ver um caboclo bateando diamante e ouro. Tomás voltou com uma sacolinha plástica repleta de pedregulhos, diamantes puros, segundo ele. Despejou tudo no tapete da sala.
O cara pegava uma peneira de ferro, e fazia assim, ó, até aparecer o diamante. E ele fazia assim, ó, e aparecia ouro também.
A vesperata também é mmmuito legal. A parte mais legal da viagem. Era uma quantidade de menino do meu tamanho, que cantava mmmuito bonito.
Sem contar com o hotel, que é mmmuito legal. De longe, a parte mais legal da viagem. Dormiu numa cama sozinho e tinha um café da manhã mmmuito legal. A parte mais legal da viagem.
Tomás procurando diamante, com a companheira inseparável,
a tal fita colorida no pulso
Domingo ele ligou pra mim antes de entrar numa gruta mmmuito legal que ele visitou. A parte mais legal da viagem. Logo na entrada eles colocaram uma fita colorida na mão dele, pra ele poder voltar. Por isto que eu e o Tio Cris tivemos que colocar também, porque vai que a gente aparece em Diamantina e quer ir na gruta também? Melhor deixar eu e Tio Cris com os punhos coloridos, mesmo sem nenhum plano de ir a Diamantina nos próximos [1] Nos meus tempos de Cedro era do Dr. Guilherme Mascarenhas, o velhinho mais fantástico da família. Não sei se hoje ainda é...
[2] Tomás repetiu essa qualificação mais umas quatro ou cinco vezes.
5 comentários:
Este blog,Tomás e o Vô dele é mmmuito
legal.
Tem que sai o volume dois urgente...
As "laboriosas" não acha tempo para a
Net moço.
bjs
Que isto, moço.
Daqui a pouco tá saindo o quarto volume.
É a parte mais legal deste blog, os livros...
ps: Tava com saudades suas, moço.
Beija Zeca de Mariza.
Eu também.
Quantos que é o livro da Renata Feidman. Me fala, que eu quero comprar um "Amor em Pedaços" prá mim.
Legal o blog dela né?
Blog é melhor que feice. Pronto falei.
bjs.
Vou saber quarta no lançamento e te falo, moço.
Beijos
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