Sempre que eu invento minhas modas, fico com medo de duas coisas. De neguinho colocando olho gordo e de neguinho que senta e fica esperando que todo mundo faça as coisas por ele. Fernando Fabbrini[1] recomenda que a gente responda pra essas figuras que em vez de ajudar ficam só demandando:
- Acompanha fritas e refrigerante, senhor(a)?
Quase sempre a pessoa se toca...
Por outro lado, o que compensa e paga, fácil, este medo, são as figuras que, do nada também, se sabem donos do projeto.
É pura anarquia, no sentido filosófico do termo.
Ives é doido.
Encarnou como ninguém o espírito NefroColetivo. Liguei pra ele pra ver como a gente ia fazer, como a gente ia ratear, enfim, essas coisas de produção...
- E aí?, falei eu no telefone.
A primeira pergunta dele: Você está esperando quantas pessoas?
Como está sendo o primeiro, não tenho a menor idéia. Chutei umas cinqüenta. Mas pode dar mais, pode dar menos...
Ives falou: tá!
- Tá o quê, meu fio?
O resto é tudo problema dele. Ele vai comprar as coisas, levar o panelão com o caldo de costela pronto, preparar a receita pra ensinar pra gente, levar os copinhos... Que eu podia deixar a bola com ele!
O NefroColetivo é pra ser assim. Não é de ninguém. É de todo mundo.
Pode dar errado? Claro que pode.
Mas, quando dá certo, é legal de fazer chorar...
Este post de hoje é em homenagem a Gregório Baremblit, psicanalista argentino que me ensinou sobre grupos operativos e análise institucional. Don Gregório ficava sempre olhando pra mim, rindo. Uma vez ele disse que eu usava o humor como um dispositivo muito eficiente.
Acho que ele estava me elogiando...
[1] Fabbrini uma vez me deu uma das mais importantes lições da minha vida. Diz ele que só trabalha onde dá complexo de culpa.
- Eu aqui, fazendo este trabalho legal, e este povo ainda me paga...?
Graças a Deus, desde a Meta Propaganda, meu primeiro emprego com o Almir, sempre me senti assim, por onde trabalhei!
6 comentários:
Oh gente, e eu que achava que Baremblit era nega só da Geisa e agora tô sabendo q é seu tb ..... e falo pro Ives que eu tb tô na turma . Bjs
Todo mundo é nega de todo mundo em Belo Horizonte, Flávia Coelho.
bjs
Belzonte é Belzonte. Falou em Meta, viajei no tempo. Meu primeiro e breve estágio quando imaginei que mexeria com tais coisas, chefiado pelo amigo Alenquer, e sob o olhar severo do Almir, como disse um "amigo" dele no Rio, quando ele ainda era preto e pobre. Arre, língua! Vi que meu destino era outro ao preferir, embevecido, ficar observando o trabalho do Barbosa que, na 6ª à noitinha, chegava bêbado na agência, e com a tarefa, diante de alguns desesperos, de fechar a página dupla do EM de domingo, com artes de varejão, Ingleza-Levy, se não me engano. Ali, o vero espetáculo da vida, as maiores lições. Fui parar na academia, e nunca me marombei.
Saudade do Alenquer, Paulinho.
A gente varava madrugada fazendo past-up com fototraço do Zezito.
Belorizonte é mesmo uma azeitona...
Vou contar pra ele. O Alenca, estando em BH, é um dos amigos que mais me visita. Pela net, quase todo dia a gente troca umas borrachas. Ele agora está na Bahia, como sempre correndo atrás de um trôco, envolvido em campanhas políticas... só não teve coragem de revelar o personagem promovido.
Dificuldade deste povo, Paulinho.
Mata a cobra mas não mostra o pau nem a poder de reza.
Beijos do seu xará.
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