Gêisa cedeu tudo.
Menos o lugar dela, de frente pra televisão.
O que faz um certo sentido. Afinal, ver televisão na cama com minha monumental barriga na frente é exigir muito daquela mulher que fazia tudo por mim.
Mas, no frigir dos ovos, eu cheguei em casa e nada tinha mudado.
Mentira.
Mudou tudo. Mudou o jeito de dormir, mudou o jeito de comer, mudou o jeito de trabalhar, mudou o jeito de ser olhado por todo mundo.
O troço deu um certo medo, rapá...
Parece brincadeira, mas olha só. Levantar da cama, com cateter, é tora. Um, porque dói pra cacete. E outro é que, antes mesmo de doer, neguinho fica assustado, porque vai doer. Acho que era isto o que mais me incomodava. Que nem no dentista, você tem certeza que vai doer.
Mudou inclusive o padrão das minhas visitas. Minha primeira visita foi a médica do INSS. Eu acabei de chegar em casa, ela me liga. Tinha ido pro hospital. Queria fazer a auditoria.
Acho que a gente se cruzou na portaria. Eu saindo, ela chegando...
A auditora era séria feito o capeta. Ligou pra mim perguntando se podia passar em casa. A pergunta fazia sentido. Era sábado, oito da noite. Que funcionário público ia fazer questão de trabalhar àquela hora?
Mas aí a auditoria foi rápida.
Era só abrir o roupão e estava lá o registro da retirada do rim.
Pronto. A partir de agora, minha vida já ia tomando o curso normal. Ou pelo menos, o que mais parecia de normal, naquelas condições.
4 comentários:
Acho que tomar o rumo normal é uma coisa boa, né?
Tem horas que o normal é bom. Dá segurança!!!
E vai normalizar ainda mais...
Beijos
Estou adorando isto, Adriana.
nada como Home Sweet Home!!!
Saudade!!!
Principalmente comparado com um quarto de hospital, Omília...
Home é demais!!!
Uhuuuuuuuuuuuuuu
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