Celsinho é meu irmão. Que nem eu mesmo, é Coelho pela Vovó Elgita e Ferreira pelo Vovô Cantídio. Filho do TiZé, meu padrinho e irmão mais velho do papai, Celsinho é nosso embaixador no Rio. Leva isto com a maior seriedade. Ciça é testemunha, nos tempos em que morou lá.
Diz ele que aprendeu este zelo quando estudava em Belo Horizonte e fazia de onde a gente morava seu refúgio. Quando eu postei o primeiro Amor Eterno, do aniversário da mamãe, ele me ligou, falando que era pouco. Tonta achou pra mim, lá em casa, um texto da lavra dele, tornado público em uma festa que reuniu os Coelhos todos, há um tempo atrás, em Governador. Olha que beleza:
“Após ler, no penúltimo número do nosso jornal, o perfil que a Regina traçou sobre o Biá e seus cunhados, resolvi escrever alguma coisa sobre uma casa, melhor dizendo um “lar” constituído por um casal de descendentes do Vovô João e da Dindinha Olímpia. Ele, bordeaux, ela, amarelo, casaram-se em 1947. Tiveram 7 filhos, sendo que dois deles valem por quatro...
De sua primeira residência, em Belo Horizonte, pouco me lembro. Mas para mim, garoto, o número da rua em que se localizava a casa deles, era como se fosse mágico: Timbiras, 3117.
Todos – meus pais, tios, avós – falavam deste endereço; só mais tarde, a partir de 1961, quando passei a freqüentá-los, semanalmente, compreendi porque todos se referiam com um carinho especial, sempre que os mencionavam.
Já então, moravam na Rua Rio Grande do Sul, pertinho do campo do Atlético. Nós que acabávamos de chegar a Belo Horizonte - eu, Teia da Luzia, Marisa do Tio Carlos, Nelson do Tio Paulo, Kekéia do Tio Antônio - fazíamos de lá, com outros primos, como Paulo Guido e Fernando do Tio Sinval, Roberto da Tia Nize, Marcos do Tio Paulo, entre outros, ponto de encontro de todo mundo.
Depois, a casa da Martins de Carvalho, esquina de Av. Amazonas. Nesta, além dos já mencionados, foi o tempo do Toninho do Tio Antônio, da Tiângela, Tininha e Celina da Luzia, do Lindolfo, do Biá.
Finalmente a casa da Av. Afonso XIII, época da turma mais nova: Virgílio do Tio Omar, Nita, Beto e Sinval do Zé Cantídio, o pessoal do Paulo e do Carlos Ferreira, do Beto e da Tucha da Loló, do Bibica da Creusa, do Emílio da Nair, da Kênia da Celeste, da Genoca da Luzia e muitos outros.
A qualquer hora do dia, da noite, ou da madrugada, os sobrinhos, os irmãos, os cunhados, pais e sogros e demais parentes de Virginópolis, Guanhães e de Valadares eram recebidos por eles com carinho. Aos domingos, o movimento começava cedo e só terminava de noite, quando eles, geralmente, levavam cada um de nós, em suas casas, na kombi.
Na época de jabuticaba, os passeios ao sítio do Cel. Gontijo e a Contagem eram verdadeiros picnics, sempre recomendando não engolir o caroço.
Em qualquer dificuldade todos nós recorríamos a ele ou a ela para quebrar os nossos galhos. E como quebravam! Alguém ficava doente ou precisava de alguma coisa, era só ligar que eles estavam prontos para nos prestar assistência. Sempre os vi, e aqui incluo os filhos, barulhentos (eles, principalmente), comunicativos, companheiros, expansivos, dispostos e prontos a nos acolher com a maior boa vontade, muitas vezes se sacrificando e aos filhos.
As festas eram sempre comemoradas em dia que a maioria pudesse estar presente. Nos aniversários, dela 26 de março e dele 04 de junho, a confraternização era geral.
A nova geração não sabe o que perdeu por não ter tido, naquela época, oportunidade de conviver mais de perto com eles e seu filhos. Os primos que por ali passaram já sabem quem são os dois e podem aquilatar a minha emoção ao dizer, para os mais novos, como era bom, acolhedor, cheio de calor humano o “lar” formado pelo tio Henrique e tia Teça.
Ass: Celso ½ kg Ferreira”
Foi nessa época, Celsinho, que eu aprendi que pão com manteiga, partilhado com amigo, tem gosto de caviar.